Por que Jerusalém não é a Babilônia do Apocalipse


No artigo "Quem é a Babilônia do Apocalipse?" eu mostrei várias evidências de que a “Babilônia” é: (a) uma igreja; (b) que se apostatou; (c) que é extremamente rica; (d) que tem nomes de blasfêmia; (e) que matou muita gente no passado; (f) que se situa em Roma; (g) que tem multidões de fieis em toda parte do mundo. É claro que eu não disse qual igreja é essa, senão estragaria o mistério e perderia a graça. Mas #FicaDica.

Já os papistas, desesperados em oferecerem uma interpretação paralela que desvinculasse completamente a Igreja Romana de qualquer ligação óbvia com a Babilônia, inventaram no século XVI uma linha de interpretação apocalíptica totalmente inexistente até então, chamada preterismo. Conquanto não houvesse até então um único Pai da Igreja que cresse que todas as profecias já haviam se cumprido em 70 d.C, o jesuíta português Luís de Alcazar (1554-1613) passou a argumentar que as profecias sobre a grande tribulação já haviam se cumprido na condenação da Roma pagã, sendo Constantino o anjo que prende Satanás. Isso pode parecer irônico e paradoxal, mas até o preterismo, em seu início, admitia que a Babilônia era Roma, embora a Roma política e não a Roma religiosa.

Mas os preteristas posteriores, não satisfeitos com isso, foram além e passaram a sustentar algo nunca visto até então: que a Babilônia era Jerusalém, ignorando descaradamente o fato de João ter dito explicitamente que a grande cidade era aquela que reina [tempo verbal no presente, só para avisar] sobre os reis da terra” (Ap.17:18), e a cidade que reinava sobre os reis da terra na época de João era Roma. Jerusalém já não reinava sobre rei nenhum da terra há pelo menos seis séculos. Ela havia sido feita em pedaços quando Tito e Vespasiano a destruíram totalmente.

A ironia reside no fato de que os preteristas, contrariando toda a História que unanimemente aponta que João escreveu o Apocalipse no final do reinado de Domiciano (95 d.C), dizem que João estaria escrevendo o livro em finais da década de 60, pouco antes da destruição completa de Jerusalém, quando os exércitos romanos já estavam cercando a cidade e a fome a assolava por dentro. Ou seja: para eles, a “cidade que reina sobre os reis da terra” enquanto João escrevia era aquela mesma que estava sendo cercada, arruinada e despedaçada pelos romanos!

Definitivamente, não há interpretação mais hilária e delirante senão a que diz que a Babilônia é Jerusalém. Seus adeptos se escondem em determinados textos bíblicos que mostram Jerusalém sendo descrita como uma prostituta, assim como a Babilônia (Ap.17:5), mas se esquecem que Deus nunca celebrou a destruição de Jerusalém, pois sempre considerou Israel como o Seu povo. Até mesmo nos exílios anteriores, basta dar uma lida em Neemias (Ne.1:5-11) ou Daniel (Dn.9:2-19) para ver a misericórdia de Deus para com Israel e o fato de Ele jamais ter virado as costas ou abandonado definitivamente os judeus.

Há, certamente, várias condenações às práticas abomináveis que Israel já cometeu ao longo dos séculos, mas nunca uma comemoração da destruição dos judeus. Nenhuma cidade foi tão repreendida por Deus quanto Jerusalém, mas nenhuma também já foi tão amada por Deus quanto ela. O tratamento de Deus para com Israel é como o de um pai para com o filho: se ele errar, você o disciplina para o seu bem, mas nunca irá celebrar a desgraça do filho. Você pode até castigá-lo por seus maus atos, mas nunca irá ficar feliz em castigá-lo, e muito menos convocará os outros a celebrar a ruína dele.

Mas com a Babilônia o que acontece é exatamente isso. Veja como Deus trata a Babilônia após a sua destruição:

“Pois os pecados da Babilônia acumularam-se até o céu, e Deus se lembrou dos seus crimes. Retribuam-lhe na mesma moeda; paguem-lhe em dobro pelo que fez; misturem para ela uma porção dupla no seu próprio cálice. Façam-lhe sofrer tanto tormento e tanta aflição como a glória e o luxo a que ela se entregou. Em seu coração ela se vangloriava: ‘Estou sentada como rainha; não sou viúva e jamais terei tristeza’. Por isso num só dia as suas pragas a alcançarão: morte, tristeza e fome, e o fogo a consumirá, pois poderoso é o Senhor Deus que a julga” (Apocalipse 18:5-8)

Celebre o que se deu com ela, ó céus! Celebrem, ó santos, apóstolos e profetas! Deus a julgou, retribuindo-lhe o que ela fez a vocês! Então um anjo poderoso levantou uma pedra do tamanho de uma grande pedra de moinho, lançou-a ao mar e disse: Com igual violência será lançada por terra a grande cidade da Babilônia, para nunca mais ser encontrada. Nunca mais se ouvirá em seu meio o som de harpistas, dos músicos, dos flautistas e dos tocadores de trombeta. Nunca mais se achará dentro de seus muros artífice algum, de qualquer profissão. Nunca mais se ouvirá em seu meio o ruído das pedras de moinho. Nunca mais brilhará dentro de seus muros a luz da candeia. Nunca mais se ouvirá ali a voz do noivo e da noiva. Seus mercadores eram os grandes do mundo. Todas as nações foram seduzidas por suas feitiçarias. Nela foi encontrado sangue de profetas e de santos, e de todos os que foram assassinados na terra"(Apocalipse 18:20-24)

“Ele condenou a grande prostituta que corrompia a terra com a sua prostituição. Ele cobrou dela o sangue dos seus servos. E mais uma vez a multidão exclamou: ‘Aleluia! A fumaça que dela vem, sobe para todo o sempre’. Os vinte e quatro anciãos e os quatro seres viventes prostraram-se e adoraram a Deus, que estava assentado no trono, e exclamaram: ‘Amém, Aleluia!’” (Apocalipse 19:2-4)

Leia estes textos com atenção, mas não leia só uma vez. Leia e releia quantas vezes for possível. Perceba que a Babilônia é algo que Deus detesta, que Ele repudia com todas as forças, que Ele não apenas condena, mas celebra essa condenação. Veja se isso se parece um pouco com Jerusalém, na oração de Neemias:

“Agimos de forma corrupta e vergonhosa contra ti. Não temos obedecido aos mandamentos, aos decretos e às leis que deste ao teu servo Moisés. Lembra-te agora do que disseste a Moisés, teu servo: ‘Se vocês forem infiéis, eu os espalharei entre as nações, mas, se voltarem para mim, e obedecerem aos meus mandamentos e os puserem em prática, mesmo que vocês estejam espalhados pelos lugares mais distantes debaixo do céu, de lá eu os reunirei e os trarei para o lugar que escolhi para estabelecer o meu nome’"(Neemias 1:7-9)

Certamente há algumas semelhanças entre a Babilônia e Jerusalém. Ambas pecaram contra Deus e caíram em apostasia, e ambas foram condenadas por Deus em função disso. Mas as semelhanças terminam aqui, e então você começa a perceber o imenso e gritante contraste entre a Babilônia e Jerusalém: enquanto a Babilônia é algo que Deus odeia e sua destruição é algo que Deus celebra, com Jerusalém é exatamente o contrário: Deus estende os seus braços com amor assim como um pai faz para com um filho, e lhe concede sempre a oportunidade de se arrepender e de voltar para Si, e então Deus reúne o Seu povo até mesmo dos lugares mais distantes. Há a parte da condenação, mas também há a parte do amor e da misericórdia. Com a Babilônia, há somente a condenação e a celebração desta condenação, sem nenhum tom de amor, misericórdia ou oportunidade de arrependimento.

Perceba também que os contrastes aumentam à medida que paramos para analisar os detalhes. Deus diz sobre a Babilônia (que os preteristas creem ser Jerusalém) que ela seria destruída para nunca mais ser encontrada, ela seria destruída para sempre. O que aconteceu com Jerusalém foi exatamente o contrário. Ela foi destruída pelos romanos em 70 d.C, mas os judeus não foram aniquilados completamente e ainda conseguiram de volta o Estado de Israel em reconhecimento oficial desde 1948. Hoje, em Israel há som dos harpistas, dos músicos, dos flautistas e dos tocadores de trombeta, há artífices, ruído de pedras de moinho, noivos e noivas, comércio, todas essas coisas que João diz que não existiriam na Babilônia NUNCA MAIS (Ap.18:20-24)!

O pior de tudo para os preteristas é a afirmação do verso 7, onde os “babilônicos” dizem:

“...Estou sentada como rainha; não sou viúva e jamais terei tristeza” (v.7)

Vamos contextualizar essa passagem mais uma vez. Os preteristas situam o livro de João no ano 68 d.C, aproximadamente. Nesta época os judeus estavam sendo subjugados pelos romanos, razão pela qual eles se revoltaram. Essa revolta não deu em nada, porque os romanos vieram e cercaram Jerusalém. Enquanto muita gente morria de fome dentro dos muros da cidade, os romanos atiravam flechas contra ela, queimavam seus muros, depois entraram e acabaram com tudo o que tinham direito. Jerusalém, que já era “escrava” nesta época, foi arrasada depois disso. Mesmo assim, João diz que a Babilônia estava sentada como rainha!

Quem seria o insano de dizer que está assentado como rainha (sinal de autoridade sobre os demais) enquanto é “escravo” dos romanos, enquanto é massacrado por eles, enquanto vê seu principal símbolo (o Templo) sendo despedaçado e enquanto vê milhares do seu povo morrendo cruelmente? Dizer que Jerusalém estava sentada como rainha naquelas circunstâncias seria o mesmo de, nos dias de hoje, dizermos que o Haiti reina sobre os reis da terra, ou que o Iraque está assentado soberanamente em um trono. Naquela circunstância, Roma era os EUA, e Jerusalém era o Iraque. Roma atacava, Jerusalém era arrasada. Roma que reinava com autoridade, enquanto Jerusalém apenas tinha a lamentar.

Vamos sumariar aqui o que já vimos até agora:

BABILÔNIA
JERUSALÉM
Reinava sobre os reis da terra no momento em que João escrevia (Ap.17:18)
Estava sendo massacrada pelos reis da terra
Estava assentada como rainha (Ap.18:7)
Estava na posição de servo e não de autoridade
É odiada por Deus (Ap.18:6-7)
É amada por Deus (Ap.20:9)
É condenada para sempre (Ap.18:14)
É condenada temporariamente
Sua destruição é celebrada por Deus e pelos santos (Ap.18:20)
Sua destruição sempre foi tratada com tristeza, tanto da parte de Deus como da parte dos santos
Nunca mais se reergueria (Ap.19:3)
Reergueu-se e existe até hoje
Após sua destruição, nunca mais se ouviria ali o som de música, nem teria casamentos, nem construções, nem comércio (Ap.18:21-23)
Tem tudo isso e muito mais
Todas as nações foram seduzidas por suas feitiçarias (Ap.18:23)
Nunca exerceu tamanha influência em escala global
Seus mercadores eram os grandes do mundo (Ap.18:23)
Nunca teve os maiores mercadores do mundo
Era a maior de todas as cidades do mundo (Ap.18:18)
Nunca foi a maior de todas as cidades do mundo
Sua destruição é comemorada aos sons de “Amém! Aleluia!” (Ap.19:3-4)
Isso nunca aconteceu com Jerusalém. Mesmo quando os judeus eram levados ao exílio, sua destruição nunca foi celebrada. Era uma nota triste, não um grito de alegria.
Deus não tem mais plano nenhum para com ela, apenas a condenação (Ap.18:6-24)
Paulo diz que o endurecimento de Israel era momentâneo, e que no fim todo o Israel será salvo (Rm.11:25-26)


Biblicamente há mais contrastes entre Jerusalém e a Babilônia do que nesta música do “Voz da Verdade”:

(obs: não significa que eu goste desta música... não confundam as coisas!)

A questão não é tão simples quanto pegar um versículo isolado que mostre Jerusalém com uma característica da Babilônia e então concluir que a Babilônia é Jerusalém, como os preteristas sempre fazem. Isso nunca foi considerado exegese. Isso é teologia de fundo de quintal, uma hermenêutica de araque. Nunca foi considerado um método legítimo de interpretação ou qualquer coisa minimamente séria. Nós poderíamos fazer o mesmo para colocar qualquer cidade nestas descrições, caso quiséssemos.

Por exemplo, da mesma forma que os preteristas dizem que Jerusalém é a “grande cidade” por causa de certas passagens do Antigo Testamento que afirmam que Jerusalém é uma grande cidade, nós poderíamos citar este texto isolado para dizer que a grande cidade do Apocalipse é Nínive, porque está escrito:

“Vá à grande cidade de Nínive e pregue contra ela a mensagem que eu vou dar a você” (Jonas 3:2)

Ou então poderíamos dizer que esta grande cidade é Calá, porque está escrito:

“E Resém, que fica entre Nínive e Calá, a grande cidade (Gênesis 10:12)

Isso seria, evidentemente, aquilo que eu chamo de exegese de araque, que é o mesmo que os preteristas fazem para dizer que Jerusalém é a grande cidade, também ligando com passagens do Antigo Testamento. O fato é que não basta ter algumas características da Babilônia – é necessário ter todas elas. Jerusalém, assim como Nínive, pode ter algumas semelhanças com características da Babilônia, mas nem de longe tem todas elas. O alvo certo não é aquele que tem algumas características, mas sim o que tem todas as características. Isso é totalmente ignorado pelos preteristas, sejam eles preteristas completos ou parciais, protestantes ou católicos.

Mas a gota d’água, para fechar o caixão preterista de uma vez por todas, é Zacarias 14. Este capítulo inteiro é um ataque cardíaco no coração dos antissemitas. Vejamos o que ele nos diz:

Zacarias 14
1 Vejam, o dia do Senhor vem, quando no meio de vocês os seus bens serão divididos.
2 Reunirei todos os povos para lutarem contra Jerusalém; a cidade será conquistada, as casas saqueadas e as mulheres violentadas. Metade da população será levada para o exílio, mas o restante do povo não será tirado da cidade.
3 Depois o Senhor sairá à guerra contra aquelas nações, como ele faz em dia de batalha.
4 Naquele dia os seus pés estarão sobre o monte das Oliveiras, a leste de Jerusalém, e o monte se dividirá ao meio, de leste a oeste, por um grande vale, metade do monte será removido para o norte, a outra metade para o sul.
5 Vocês fugirão pelo meu vale entre os montes, pois ele se estenderá até Azel. Fugirão como fugiram do terremoto nos dias de Uzias, rei de Judá. Então o Senhor, o meu Deus, virá com todos os seus santos.
6 Naquele dia não haverá calor nem frio.
7 Será um dia único, no qual não haverá separação entre dia e noite, porque quando chegar a noite ainda estará claro. Um dia que o Senhor conhece.
8 Naquele dia águas correntes fluirão de Jerusalém, metade delas para o mar do leste e metade para o mar do oeste. Isto acontecerá tanto no verão quanto no inverno.
9 O Senhor será rei de toda a terra. Naquele dia haverá um só Senhor e o seu nome será o único nome.
10 A terra toda, de Geba até Rimom, ao sul de Jerusalém, será semelhante à Arabá. Mas Jerusalém será restabelecida e permanecerá em seu lugar, desde a porta de Benjamim até o lugar da primeira porta, até a porta da Esquina, e desde a torre de Hananeel até aos lagares do rei.
11 Será habitada; nunca mais será destruída. Jerusalém estará segura.
12 Esta é a praga com a qual o Senhor castigará todas as nações que lutarem contra Jerusalém: Sua carne apodrecerá enquanto estiverem ainda em pé, seus olhos apodrecerão em suas órbitas e sua língua apodrecerá dentro de suas bocas.
13 Naquele dia grande confusão dominará essas nações, causada pelo Senhor. Cada um atacará o que estiver ao seu lado.
14 Também Judá lutará em Jerusalém. A riqueza de todas as nações vizinhas será recolhida, grandes quantidades de ouro, prata e roupas.
15 A mesma praga cairá sobre cavalos e mulas, camelos e burros, sobre todos os animais daquelas nações.

Os preteristas tradicionalmente interpretam estes versos como se tratando da batalha entre Jerusalém e Roma em 70 d.C, que para eles resume toda a tribulação apocalíptica. Mas há um problema capital aqui: em 70 d.C Jerusalém saiu derrotada, mas aqui é Jerusalém quem vence! O verso 2 mostra Jerusalém sendo atacada por exércitos inimigos, mas isso nem de longe é uma referência a 70 d.C, pois o mesmo verso diz que “a metade do povo não será tirada da cidade”, o que não ocorreu em 70 d.C. E mesmo se fosse uma referência a 70 d.C, a continuação do capítulo diz que o Senhor lutaria por Jerusalém contra aquelas nações, que Jerusalém seria restabelecida e permaneceria em seu lugar!

Este é mais um contraste com a “Babilônia” de Apocalipse 18:

APOCALIPSE 18
ZACARIAS 14
“Com igual violência será lançada por terra a grande cidade da Babilônia, para nunca mais ser encontrada (v. 21)
“Mas Jerusalém será restabelecida e permanecerá em seu lugar” (v. 10)
“Nunca mais se ouvirá em seu meio o som de harpistas, dos músicos, dos flautistas e dos tocadores de trombeta. Nunca mais se achará dentro de seus muros artífice algum, de qualquer profissão. Nunca mais se ouvirá em seu meio o ruído das pedras de moinho. Nunca mais brilhará dentro de seus muros a luz da candeia. Nunca mais se ouvirá ali a voz do noivo e da noiva” (vs. 22-23)
“Jerusalém será habitada; nunca mais será destruída. Jerusalém estará segura” (v. 11)

Embora os textos estejam tratando obviamente de coisas distintas, na cabeça do preterista é tudo a mesma coisa: Zacarias 14, como um texto explicitamente escatológico (v.1), seria nada a menos que o retrato da destruição de Jerusalém pelos romanos em 70 d.C. Eles fingem não perceber que em Zacarias 14 Jerusalém vence a guerra (vs.10-15), enquanto em Apocalipse 18 a Babilônia perde a guerra. Eles também fingem não perceber que a Babilônia seria totalmente destruída para sempre, enquanto com Jerusalém ocorreria precisamente o contrário disso (Zc.14:10-11). Mesmo assim, eles insistem em dizer que Jerusalém é a Babilônia, pois tem uma imaginação fértil, que faz verdadeiros malabarismos com os textos bíblicos.

Nem precisamos apelar para Zacarias 14 para constatar que Jerusalém não pode ser, de jeito nenhum, a Babilônia. Basta ir ao próprio Apocalipse, capítulo 19, que diz:

“As nações marcharam por toda a superfície da terra e cercaram o acampamento dos santos, a cidade amada; mas um fogo desceu do céu e as devorou” (Apocalipse 20:9)

Pergunte a qualquer preterista, e ele irá dizer que isso daqui é (adivinhem) mais uma descrição da batalha entre Jerusalém e Roma em 70 d.C. Mas há um problema: em 70 d.C Jerusalém perdeu, e neste texto Jerusalém vence. O fogo que aparece caindo do céu está claramente ligado às nações inimigas que cercaram a superfície da terra e a cidade amada (Jerusalém). O fogo destrói estas nações inimigas, e não Jerusalém! O texto coloca no plural: as devorou, porque está em relação às nações, e não à cidade amada!

Enquanto em 70 d.C Jerusalém foi queimada (destruída), nesta descrição bíblica Jerusalém é preservada por Deus e são seus inimigos que são queimados! E, para piorar, Jerusalém é chamada de “cidade amada”, apenas dois capítulos depois da Babilônia ser considerada um “covil de demônios e antro de todo espírito imundo, antro de toda ave impura e detestável”(Ap.18:2) e de Deus mandar celebrar a sua destruição (Ap.18:20), por ser a “mãe de todas as abominações e prostituições da terra”(Ap.17:5)!

Esta síndrome da bipolaridade persegue o pobre do preterista: uma hora a “Babilônia Jerusalém” é a cidade odiada, dois capítulos depois Jerusalém é a cidade amada. Uma hora a “Babilônia Jerusalém” perde a guerra, dois capítulos depois Jerusalém aparece vencendo a guerra. Uma hora a “Babilônia Jerusalém” aparece sendo destruída para sempre para nunca mais subsistir, e outra hora Jerusalém aparece restabelecida, habitada e segura. No fim das contas, o preterista vai querer te convencer, a qualquer custo, que a grande tribulação é uma batalha de Jerusalém contra Jerusalém, onde Jerusalém ganha e Jerusalém perde, e então Jerusalém é destruída para sempre e Jerusalém permanece mais firme que nunca. Se eu posso dar uma dica, não confie neles.

#FicaDica.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (apologiacrista.com)


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Comentários

  1. Prezado Lucas, a paz de Cristo!

    Gostaria de compreender melhor, em detalhes, os capítulos 17 e 18 de Apocalipse, principalmente sobre a união da mulher com a besta de sete cabeças e dez chifres (quais seriam esses reis, mais o oitavo) e sobre a destruição de Babilônia, no caso a Igreja Católica. Essa destruição ocorrerá, pelo meu entendimento, quando a prostituta completar o processo de ecumenismo global, através do falso profeta, o papa, sendo que o atual papa é fortíssimo candidato a este título, aliando-se ao poder político dos dez reinos nos quais o mundo está sendo dividido, para a ascensão do anticristo e da Nova Ordem Mundial. O que você pensa a respeito disso? Sugiro que você escreva um artigo tratando detalhadamente esses dois capítulos (se houver mais trechos bíblicos a serem inseridos nesse contexto, tais como o cap. 13 de Apocalipse ou as profecias do Livro de Daniel, seria interessante). Sei que o assunto foge um pouco dos temas do seu blog, mas os temas bíblicos escatológicos me fascinam muito, principalmente pelos dias proféticos em que vivemos.

    Abraços!

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    1. Olá, Rodrigo, obrigado pela ideia. Vou publicar algo sobre isso no dia 2 (segunda-feira). Abraços.

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  2. A paz irmão, sem falsidade alguma quero lhe dar os parabéns pelo dom que Deus colocou em vc, comecei ontem a ler o seu blog e gostaria de saber como adquirir seus livros e também se não fosse um incomodo saber onde e como o irmão conseguiu esse grande conhecimento, pois também tenho grande sede por esse temas, desde já grato pela atenção.
    Deus o abençoe e guarde. walter_rp_stenor@hotmail.com

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    1. Olá Walter, todos os meus livros estão disponíveis gratuitamente para download e também para compra da versão em impresso caso você deseje, é só entrar na página abaixo que no final você verá uma tabela com todos os respectivos links:

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      Para adquirir conhecimento não é nada de mais, basta estudar bastante a Bíblia, orar e ler também bons sites e livros cristãos.

      Abs!

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  3. Irmao eu queria deixar uma pergunta, a antiga babilônia tinha tamuz como rei e era idolatrado como deus, e hoje o mesmo nome tamuz e encontrado no calendário do estado imposto de israel,eu acredito que ate a volta de nosso senhor o povo de israel a maior parte estaria dispersa pelo mundo,pode responder meu questionamento, a relação de tamuz da babilônia com tamuz do calendário de hoje em Israel?

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    1. Olá, a paz. Bom, até onde eu sei, essa relação de Tamuz com o calendário judaico não é dos tempos bíblicos do AT (Gênesis a Malaquias), mas se criou a partir do cativeiro da Babilônia, no período intertestamentário. Eu acredito sim que houve um sincretismo pagão porque de fato os judeus se envolveram em sincretismo por volta desta época, mas se você for analisar bem, não é só com os judeus que isso acontece não. Os nossos planetas (Vênus, Júpiter, Saturno, etc) são nomes de deuses do paganismo; as missões espaciais, como "Apolo", também tem nomes de deuses pagãos, e por aí vai. O diabo sempre tenta plantar a sementinha do paganismo em nosso meio, e o triste é que nós aceitamos isso passivamente.

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