Quem é o nosso Sumo Pontífice?


“Papa” não é um nome oficial dado pela Igreja Católica, mas um “apelido” que significa “pai”. Por isso, não deveríamos esperar encontrar a palavra “papa” na Bíblia como designação a Pedro. Isso, porém, não muda o fato de que existe um título oficial dado ao bispo de Roma, que é o de Sumo Pontífice[1]. Portanto, se existia um “papa” (Sumo Pontífice) na Igreja cristã da era apostólica, seria lógico que encontraríamos os apóstolos fazendo referência a tal cargo eclesiástico.

Mas não fazem.

Ao contrário, o apóstolo Paulo cita apenas cinco cargos na Igreja, sem fazer qualquer questão de mencionar o de Sumo Pontífice:

“E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo” (Efésios 4:11,12)

Há, portanto, apenas cinco cargos eclesiásticos na Igreja, que é o de apóstolo, de profeta, de evangelista, o de pastor e o de mestre. O de Sumo Pontífice não é mencionado, simplesmente porque não existe. Se existisse, Paulo estaria fazendo uma baita desfeita com Pedro, pois Sumo Pontífice seria o cargo mais elevado e importante na Igreja, visto que estaria acima de todos os demais. Sendo o mais importante, é lógico que não passaria despercebido por Paulo, mas seria mencionado em primeiro lugar. Contudo, os primeiros a serem mencionados são os apóstolos, e o título de Sumo Pontífice não aparece em lugar nenhum.

Assim sendo, de duas, uma: ou Paulo não citou o cargo de Sumo Pontífice porque se “esqueceu” exatamente daquele título que seria o mais elevado e o mais importante na Igreja, ou ele não citou porque realmente ele não existia naquela época. Porque Jesus nunca instituiu algum cargo de Sumo Pontífice na Igreja. Porque não existia qualquer autoridade suprema entre os apóstolos. Porque o papa é uma invenção da Igreja Católica.

Seria ainda mais difícil de explicar a ausência do Sumo Pontífice em Efésios 4:11 à vista de seu contexto imediato, que diz que Deus instituiu esses ministérios para o aperfeiçoamento dos santos com vista à edificação do Corpo de Cristo. Ora, o Sumo Pontífice Romano estaria no topo de toda a escala ministerial, seria o principal deste Corpo, aquele que seria o símbolo da unidade da Igreja e o mais importante. Assim sendo, seria imprescindível a sua menção em Efésios 4:11 caso ele realmente existisse na Igreja da época. A sua ausência aqui e em todos os outros lugares da Escritura ressoa o fato de que ele inexistia na época.

E isso explica a razão porque Pedro nunca é chamado de “Sumo Pontífice” nas Escrituras e o porquê que tal designação é dada exclusivamente a Cristo. Porque o que está acima de todos os apóstolos não é Pedro, nem nenhum outro ser humano, mas Jesus Cristo. É por isso que esse termo nunca é aplicado a qualquer ser humano na terra na Nova Aliança, mas unicamente a Jesus Cristo:

“Onde Jesus entrou por nós como precursor, Pontífice eterno, segundo a ordem de Melquisedec” (Hebreus 6:20)

“O ponto essencial do que acabamos de dizer é este: temos um Sumo Sacerdote, que está sentado à direita do trono da Majestadedivina nos céus” (Hebreus 8:1)

“Temos, portanto, um grande Sumo Sacerdote que penetrou nos céus, Jesus, Filho de Deus. Conservemos firme a nossa fé” (Hebreus 4:14)

“Porém, já veio Cristo, Sumo Sacerdote dos bens vindouros. E através de um tabernáculo mais excelente e mais perfeito, não construído por mãos humanas {isto é, não deste mundo}” (Hebreus 9:11)

“E dado que temos um Sumo Sacerdoteestabelecido sobre a casa de Deus” (Hebreus 10:21)

“Ao nosso Sumo Sacerdote, entretanto, compete ministério tanto mais excelente quanto ele é mediador de uma aliança mais perfeita, selada por melhores promessas” (Hebreus 8:6)

Como vemos, o Sumo Pontífice (ou Sumo Sacerdote[2]) da Nova Aliança não é nenhum ser humano (razão pela qual não é citado por Paulo como um cargo eclesiástico que Deus instituiu aos homens em Efésios 4:11), mas o Senhor Jesus Cristo. Aqui reside uma tipologia precisa com o Antigo Testamento, que tinha um Sumo Sacerdote que se apresentava no Santo dos Santos até o dia de sua morte, quando esse sumo sacerdócio era transmitido ao seu sucessor. O primeiro Sumo Sacerdote do Antigo Testamento foi Arão. Depois dele, outras pessoas foram assumindo o sumo sacerdócio, com a morte daquele que era o Sumo Sacerdote até então.

Esse mesmo autor de Hebreus afirma que “a lei é uma sombra dos bens vindouros” (Hb.10:1), ou seja, que tudo aquilo que o Antigo Testamento diz tem alguma aplicação prática neotestamentária. E ele próprio explica a aplicação do Sumo Sacerdócio da Antiga para a Nova Aliança. Antes, pensem comigo: se existiu um momento perfeito para alguém dizer que o sumo sacerdócio humano da Antiga Aliança foi transferido para outro sumo sacerdócio humano na Nova Aliança, era esse.

Isso porque o sistema que atua na Igreja Católica é exatamente o mesmo que atuava nos sumos sacerdotes do Antigo Testamento. Cada papa se torna Sumo Pontífice pela duração de sua vida, e ao morrer esse cargo de Sumo Sacerdote é transferido a outro, assim como acontecia na Antiga Aliança. Portanto, se era essa a aplicação prática da “sombra” veterotestamentária, é óbvio que o escritor de Hebreus faria questão de ressaltar tal fato. Pedro seria para o Novo Testamento aquilo que Arão era para o Antigo Testamento, e os sucessores de Pedro seriam na Nova Aliança aquilo que os sucessores de Arão eram na Antiga Aliança.

Porém, ao chegarmos neste ponto, quando os católicos mais esperam que o escritor de Hebreus dissesse que era isso mesmo, ele muda tudo: o Sumo Sacerdote não é Pedro ou algum outro humano, mas Jesus Cristo! Ou seja: que a aplicação prática neotestamentária à sombra do Antigo Testamento não é de um Sumo Sacerdote terreno, mas de um celestial, e que não seria um mortal, mas um imortal!

E, na verdade, aqueles foram feitos sacerdotes em grande número, porque pela morte foram impedidos de permanecer. Mas este, visto que vive para sempre, Jesus tem um sacerdócio permanente. Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, pois vive para sempre para interceder por eles” (Hebreus 7:23-25)

“O ponto essencial do que acabamos de dizer é este: temos um Sumo Sacerdote, que está sentado à direita do trono da Majestadedivina nos céus” (Hebreus 8:1)

“Temos, portanto, um grande Sumo Sacerdote que penetrou nos céus, Jesus, Filho de Deus. Conservemos firme a nossa fé” (Hebreus 4:14)

“Tal é, com efeito, o Pontífice que nos convinha: santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e elevado além dos céus (Hebreus 7:26)

Como vemos, as razões pela quais Jesus é o Sumo Sacerdote da Nova Aliança é porque:

• Jesus vive para sempre (é imortal), diferentemente dos sumos sacerdotes do Antigo Testamento, que morriam.

• Jesus está assentado à direita da Majestade nos céus, ao contrário dos outros sumos sacerdotes terrenos do Antigo Testamento.

• Jesus penetrou os céus, diferentemente dos outros sumo sacerdotes do Antigo Testamento.

• Jesus é plenamente santo, imaculado, separado dos pecadores e elevado além dos céus, diferente dos sumos sacerdotes terrenos que eram pecadores.

Com efeito, podemos constatar que o sumo sacerdócio da Nova Aliança é bem distinto do sumo sacerdócio do Antigo Testamento. O sumo sacerdócio da Nova Aliança é realizado por Cristo no Céu, enquanto que o sumo sacerdócio da Antiga Aliança era realizado por um homem na terra. Há um contraste estabelecido aqui, que o autor de Hebreus faz questão de ressaltar. O cumprimento neotestamentário não é Pedro, é Jesus. Não é um homem mortal, é o Deus imortal. Não é na terra, é no Céu. O contraste é tão forte que seria um absurdo algum católico alegar que Pedro era o Sumo Sacerdote (Sumo Pontífice), pois ele não é nada disso!

Sumo Sacerdote no Antigo Testamento
Sumo Sacerdote no Novo Testamento
Mortal
Imortal
Terreno
Celestial
Pecador
Imaculado
Realizado na terra
Realizado no Céu
Realizado por homens
Realizado por Deus (Jesus Cristo)

Se Pedro fosse o Sumo Sacerdote na Nova Aliança, como pensam os católicos, o autor de Hebreus não teria dito que o Sumo Pontífice do Novo Pacto deveria ser alguém que não poderia morrer (Hb.7:23-25), que estivesse no Céu (Hb.4:14), que fosse imaculado (Hb.7:26) ou que estivesse à direita da Majestade (Hb.8:1), pois Pedro não era nenhuma dessas coisas! Aliás, nem mesmo haveria qualquer contraste entre o sumo sacerdócio do Antigo com o do Novo Testamento, pois, como vimos, o sumo sacerdócio de Pedro e seus sucessores seria ao mesmo modo do de Arão e seus sucessores.

E é mais estranho ainda que nada nos seja dito pelo autor de Hebreus sobre existir um Sumo Pontífice na terra, assim como era na Antiga Aliança. Por que ele só fala de Jesus como sendo o nosso Sumo Sacerdote? Porque Jesus é o único! Não existe outro além dele! O Sumo Pontífice da Igreja Católica nada mais é senão uma usurpação de Cristo, que é o nosso verdadeiro e único Sumo Sacerdote. É digno de nota que em todo momento o autor de Hebreus deixa claro o fato de que nós, da Nova Aliança, possuímos apenas Jesus como Sumo Pontífice, e não “dois sumos pontífices”, um na terra (Pedro) e outro no Céu (Jesus). Foi por isso que ele disse:

“Portanto, irmãos santos, participantes da vocação que vos destina à herança do céu, considerai o mensageiro e pontífice da fé que professamos, Jesus” (Hebreus 3:1)

O artigo definido e o emprego do singularnos deixa claro que nós não temos dois sumos pontífices, mas apenas um, que é o Senhor Jesus. Ele não diz que nós temos “pontífices”, no plural, mas “o” (singular e artigo definido para tratar de uma única pessoa) pontífice, que é Cristo. Ele não diz que nós temos “pontífices”, mas um único pontífice, que é plenamente santo:

“Tal é, com efeito, o Pontífice que nos convinha: santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e elevado além dos céus“ (Hebreus 7:26)

Ele não fala de “dois” pontífices, mas de “um”:

“Portanto, visto que temos um grande sumo sacerdote que adentrou os céus, Jesus, o Filho de Deus, apeguemo-nos com toda a firmeza à fé que professamos”(Hebreus 4:14)

Até mesmo quando ele traça um paralelo entre os pontífices da terra e o pontífice do Céu, ele nada fala sobre um suposto pontificado que Pedro exercia na terra, mas sobre os sacerdotes terrenos da época do Antigo Testamento, que já não tem mais validade na Nova Aliança:

E, na verdade, aqueles foram feitos sacerdotes em grande número, porque pela morte foram impedidos de permanecer. Mas este, visto que vive para sempre, Jesus tem um sacerdócio permanente. Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, pois vive para sempre para interceder por eles” (Hebreus 7:23-25)

O verso mais claro de que Cristo é o nosso único Sumo Pontífice na Nova Aliança é o de Hebreus 7:28, onde ele diz:

“Pois a Lei constitui sumos sacerdotes a homens que têm fraquezas; mas o juramento, que veio depois da Lei, constitui o Filho, perfeito para sempre” (Hebreus 7:28)

Este versículo é um verdadeiro golpe de morte na tese católica de que Pedro e os bispos romanos são sumos pontífices, pois o autor de Hebreus fala que na Lei existiam vários sumos sacerdotes, coloca o termo no plural e diz que eram “homens” com fraquezas, mas logo em seguida afirma que na Nova Aliança nós temos Jesus. A partícula grega de é o que marca o contraste entre um e outro, pois ela significa: “mas; porém; contudo”. Ela ressalta um nítido contraste entre um grupo (sumos sacerdotes da Antiga Aliança) e outro (sumo sacerdote da Nova Aliança).

Com este contraste que é aqui estabelecido, o escritor de Hebreus nada mais está dizendo senão que o Sumo Sacerdote da Nova Aliança é diferente do que foi apresentado anteriormente na Antiga. Lá, eram “sumos sacerdotes” (plural para várias pessoas, pois se refere a um cargo que era transmitido de geração em geração) e “homens com fraquezas”, mas na Nova Aliança é apenas Cristo, que difere de tudo isso. Ora, os sumos pontífices romanos são exatamente como no Antigo Testamento: já se passaram vários, é um cargo transmitido de geração em geração e é detido por homens que têm fraquezas. Assim sendo, o texto deveria estar escrito assim:

“Pois a Lei constitui sumos sacerdotes a homens que têm fraquezas; e o juramento que veio depois da Lei também!”

É evidente que o autor de Hebreus está deixando claro que não existe mais transferência de sumo sacerdócio entre humanos na Nova Aliança como havia na Antiga, mas que este cargo é ocupado unicamente por Jesus Cristo, aquele que venceu a morte e ressuscitou, que adentrou os céus e que é imaculado, e que por isso pode exercer essa função de Sumo Pontífice na Nova Aliança.

Isso significa que, com a Nova Aliança, chegou ao fim o tempo de sumos sacerdotes humanos aqui na terra, transmitindo esse cargo de geração a geração, por homens que têm fraquezas, pois ele hoje é ocupação exclusiva de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, que deu a Sua vida por nós exatamente para este fim: se tornar o Sumo Sacerdote da fé que professamos (Hb.3:1).

Quando os católicos dizem que o papa é o Sumo Pontífice, eles estão simplesmente blasfemando contra a obra de Cristo. Este se deu por amor para se tornar o Sumo Sacerdote, botando um fim no sumo sacerdócio terreno por pessoas humanas, mas os católicos permanecem com sumos pontífices terrenos, tomando o lugar que é de Cristo. O título de “Sumo Pontífice” e sua condição de bispo dos bispos (i.e, de pontífice dos pontífices) é uma usurpação daquilo que é somente de Jesus Cristo, que a Bíblia diz que é o nosso Supremo Pastor (1Pe.5:4), único Sumo Pontífice (Hb.5:10; 4:14; 8:1; 3:1; 5:1; 5:5; 10:21; 6:20; 4:15; 9:11; 2:17; 7:26), Rei dos reis (Ap.19:16; 1Tm.6:15) e Senhor dos senhores (1Tm.6:15; Ap.19:16).

O Sumo Pontífice Romano não é uma autoridade que provém de Deus, é uma usurpação de Satanás, que sempre quis tomar o lugar que é de Deus (veja: Is.14:13; 2Ts.2:4). Criador dessa falsa religião chamada catolicismo romano, ele decidiu criar também um cargo na Igreja que, além de nunca ter existido na Igreja primitiva, ainda usurpa o lugar que é de Jesus, o nosso único e verdadeiro Sumo Pontífice. Trata-se de um título de blasfêmia, uma usurpação, apoderando-se daquilo que pertence a Cristo, se colocando como um deus na terra, e se dizendo “vigário” (que significa substituto) dele.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (apologiacrista.com)

-Extraído de meu livro: "A História não contada de Pedro".


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[1] Catecismo Católico, S.65.1-5.
[2] Sumo Sacerdote ou Sumo Pontífice é a mesma coisa, razão pela qual as versões católicas como a Ave Maria vertem textos como Hebreus 3:1 (que as versões protestantes traduzem por “sacerdote”) como “pontífice”.

Comentários

  1. Lucas, o que eu faço para receber as publicações dos seus blogs no meu e-mail?

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  2. Há algum tempo atrás (em Agosto do ano passado, quando criei esse blog) eu tinha colocado essa opção, mas ela não estava funcionando bem, então decidi retirá-la, por isso não tem como receber por e-mail a atualização dos meus blogs :(

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