Quem é a pedra de Mateus 16:18?



Um argumento que têm sido bastante utilizado pelos católicos no que tange a Mateus 16:18 é o “sobre esta” pedra, que, para os católicos, só pode significar que Jesus estivesse se referindo ao antecedente mais direto, que era Pedro:

“Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela (Mateus 16:18)

Sem dúvidas, se isolarmos o verso 18 de seu contexto e lermos apenas a linguagem em português, o “esta” sempre vai se referir ao antecedente mais próximo, que, em Mateus 16:18, se trata de Pedro, sem a menor sombra de dúvida. Ocorre, porém, que o Novo Testamento não foi escrito em português, foi escrito em grego. E a forma de expressão da língua grega é diferente do nosso português. W. C. Taylor, em sua gramática, nos dá uma importante informação para a compreensão desse uso em grego. Ele diz: “não há pronome grego correspondente ao nosso ‘esse’” (Taylor W. C. Op cit, pág. 293).

O “sobre este” do tradutor faz muita gente pensar que esteja se referindo a Pedro, visto que todos nós aprendemos que em português se deve usar “este” para se referir ao que está mais perto e “esse” para o que está mais longe, mas em grego não existe essa distinção. Como não há um equivalente exato para “esse” em grego, ainda que possamos traduzir por “esta” pedra, a referência pode ser não ao antecedente mais próximo, mas ao mais distante. No caso de Mateus 16:18, a pedra seria a confissão de fé de Pedro em Jesus, dizendo que ‘Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo’, no verso 16:

“E, chegando Jesus às partes de Cesaréia de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem? E eles disseram: Uns, João o Batista; outros, Elias; e outros, Jeremias, ou um dos profetas. Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou? E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus. Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela (Mateus 16:13-18)

Neste caso, Pedro teria confessado que Jesus era o Cristo, o Filho do Deus vivo, e Jesus afirmou a Pedro em seguida que seria sobre esta pedra (que ele havia confessado) que a Igreja estaria edificada. Isto é, não sobre Pedro como pessoa, mas sobre a confissão de Pedro, sobre “Cristo, o Filho do Deus vivo”(v.16). Tal entendimento é provado em versículos como Atos 7:17-19, em que o “este” se refere não ao antecedente mais próximo, mas ao mais distante:

“À proporção que se aproximava o tempo da promessa que Deus fez a Abraão, crescia o povo, e multiplicava-se no Egito, até que se levantou ali outro rei, que não conhecia a José. Este rei usou de astúcia contra a nossa raça e afligiu nossos pais, ao ponto de fazê-los enjeitar seus filhos, para que não vivessem” (Atos 7:17-19)

No caso acima, o tradutor preferiu incluir a palavra “rei” no verso 19 para deixar claro que a menção não é a José, mas ao Faraó. Ocorre, porém, que a palavra “rei” não existe no verso 19, que diz: χρι ο νέστη βασιλες τερος π’ Αγυπτον ς οκ δει τν ωσήφ, οτοςκατασοφισάμενος τ γένος μν κάκωσεν τος πατέρας”. A tradução literal seria: “este usou de astúcia...”. Embora o antecedente direto seja José, a referência evidentemente não é a ele, mas ao antecedente mais distante, o Faraó. O mesmo podemos observar em outros casos, como, por exemplo:

“Seja conhecido de vós todos, e de todo o provo de Israel, que em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, aquele a quem vós crucificastes e a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, em nome desse é quem este está são diante de vós. Ele é a pedra que foi rejeitada por vós…” (Atos 4:10,11)

Aqui, os tradutores optaram por colocar “ele” no verso 11, quando o original traz “este”, e não “ele”. Literalmente, o texto bíblico diz: este é a pedra que foi rejeitada por vós...”. Evidentemente, a referência não é imediatamente ao mais próximo no relato (o paralítico curado), mas ao antecedente mais remoto, Jesus, que foi citado no início do verso anterior, que é a pedra de que Pedro fala no verso 11. E, se usássemos a mesma lógica católica, deveríamos crer que Jesus é o anticristo, pois João diz:

“Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Este mesmo é o anticristo, que nega o Pai e o Filho”(1ª João 2:22)

No original grego lemos:

Τίς στιν ψεύστης ε μ ρνούμενος τι ησος οκ στιν Χριστός; οτος στιν ντίχριστος ρνούμενος τν πατέρα κα τν υόν

Perceba que οτος (traduzido por “este” na grande maioria das vezes em que se encontra no NT) segue imediatamente a Χριστός (traduzido por Cristo), mas seria completamente descontextual, e até mesmo blasfêmia, considerarmos que o “este mesmo” se referia ao antecedente mais direto, que é Jesus, quando na verdade é uma referência ao antecedente mais remoto, o “mentiroso” que aparece no início do verso.

Tendo isso em mente, embora a tradução por “esta pedra” não seja uma tradução errônea, isso não significa que se refira necessariamente ao antecedente mais direto, que é Pedro, podendo sim se referir a um antecedente mais remoto, que no caso é “Cristo, o Filho do Deus vivo” (v.16), como demonstrado pelo contexto que envolve Mateus 16:13-18. O “sobre esta pedra” não define a questão, pois ainda sobrariam, pelo menos, duas opções possíveis sobre quem é essa pedra, a saber:

O próprio Pedro, o antecedente direto.

“Cristo, o Filho do Deus vivo”, o antecedente remoto.

E para descobrirmos quem é a pedra, basta analisarmos a resposta do próprio Pedro sobre isso, que disse:

Esse Jesus, pedra que foi desprezada por vós, edificadores, tornou-se a pedra angular (Atos 4:11)

À medida que se aproximam dele, a pedra viva — rejeitada pelos homens, mas escolhida por Deus e preciosa para ele — vocês também estão sendo utilizados como pedras vivas na edificação de uma casa espiritual para serem sacerdócio santo, oferecendo sacrifícios espirituais aceitáveis a Deus, por meio de Jesus Cristo (1ª Pedro 2:4-5)

Como vemos, duas vezes Pedro declara que é Cristo a pedra de edificação da Igreja, e nunca afirma que era ele próprio a pedra. Na primeira referência, vemos Jesus como sendo a pedra principal, enquanto na segunda vemos que os cristãos também são utilizados como pedras vivas edificadas sob a pedra principal que é o próprio Cristo. Paulo também confirma que Cristo Jesus é a únicapedra de fundamento da Igreja, pois não há outra além dele:

“Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo” (1ª Coríntios 3:11)

E o mesmo apóstolo define novamente a questão ao dizer sobre quem que nós (a Igreja) estamos edificados:

“Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele, arraigados e edificados nele, e confirmados na fé, assim como fostes ensinados, nela abundando em ação de graças” (Colossenses 2:6,7)

Portanto, nós, como Igreja, estamos EDIFICADOS NELE, isto é, em Jesus (C.2:6,7), que é o ÚNICO fundamento da Igreja (1Co.3:11).

Sendo que é tão claro biblicamente que a Igreja está edificada sobre “Cristo, o Filho do Deus vivo”(Mt.16:16), o que Pedro é, afinal de contas? Sabemos que Pedro não pode ser a pedra de fundação da Igreja sob a qual nós estamos edificados, pois essa pedra é somente Cristo, e ninguém pode pôr outro fundamento além dEle (1Co.3:11). Para resolver essa questão, é o próprio apóstolo Paulo que nos coloca a posição de Pedro na Igreja:

“Reconhecendo a graça que me fora concedida, Tiago, Pedro e João, tidos como colunas, estenderam a mão direita a mim e a Barnabé em sinal de comunhão. Eles concordaram em que devíamos nos dirigir aos gentios, e eles, aos circuncisos” (Gálatas 2:9)

Vemos, portanto, que Pedro não era a pedra de fundamento da Igreja, ele era apenas uma coluna, assim como Tiago e João. Existe uma gigantesca e colossal diferença entre ser a pedra de fundamento e ser uma coluna, pois a coluna não é o fundamento, mas está edificada sobre o fundamento, que é Cristo. Essa ilustração nos ajuda bem a explicar a situação:


Portanto, Paulo não colocava Pedro como a pedra fundamental da Igreja, mas apenas como mais uma das colunas, no mesmo nível de Tiago e João, e nem mesmo Pedro é citado por primeiro (Gl.2:9)!

E sobre o argumento de que Jesus teria mudado o nome de Pedro para que este fosse a ser a pedra de fundação da Igreja, tal alegação é simplesmente falsa, por diversas razões. Em primeiro lugar, porque Cristo não mudou o nome de ninguém, ele apenas adicionou um sobrenome ao “Simão”. Tanto é que, já muito tempo depois, em Atos dos Apóstolos, quando Jesus já havia voltado aos céus, Pedro continuava a ser chamado de Simão:

Envia, pois, a Jope, e manda chamar Simão, o que tem por sobrenome Pedro; este está em casa de Simão o curtidor, junto do mar, e ele, vindo, te falará” (Atos 10:32)

“E, chamando, perguntaram se Simão, que tinha por sobrenomePedro, morava ali” (Atos 10:18)

Portanto, a tese de que Jesus mudou o nome de Simão para Pedro não passa de mera lenda católica, como muitas outras. O próprio Tiago, no Concílio de Jerusalém em Atos 15, chamou Pedro de Simão:

Simãorelatou como primeiramente Deus visitou os gentios, para tomar deles um povo para o seu nome” (Atos 15:14)

Outros discípulos, tais como João e Tiago, também ganharam sobrenomes por Cristo assim como Pedro, e nem por isso os católicos dizem que eram a fundação da Igreja:

“E a Tiago, filho de Zebedeu, e a João, irmão de Tiago, aos quais pôs o nome de Boanerges, que significa: Filhos do trovão”(Marcos 3:17)

E, finalmente, o fato de Jesus ter colocado o sobrenome de Pedro, que significa “pedra”, não implica que Pedro era a pedra de Mateus 16:18, da mesma forma que pelo fato de Jeremias significar “Iahweh exalta” não significa que Jeremias era Deus, que pelo fato de Isaías significar “O Senhor é salvação” não significa que o próprio Isaías era Deus, ou que pelo fato de Oseias significar “Salvador é Deus” não implica em que Oséias=Deus.

JEREMIAS "Iahweh exalta", "Iahweh é sublime" ou "Iahweh abre".

ISAÍAS - O Senhor é salvação.

OSÉIAS “Salvador é Deus”.

Será que com todos os significados destes nomes, faz com que os profetas sejam considerados Deus? Óbvio que não. Da mesma forma, o fato de Pedro significar pedra não faz de Pedro a pedra. Deus mudou o nome de Jacó para Israel, que significa “que reina com Deus”, o que não implica que Deus dividia o seu trono com Jacó. Igualmente, adicionar ao nome “Simão” o de “Pedro” não implica que Pedro era a pedra de Mateus 16:18, ou senão em toda a Bíblia onde lemos “pedra” deveríamos entender “Pedro”, inclusive nas passagens acima que deixam claro que a pedra é Jesus!

Finalmente, a última alegação católica, de que Jesus falava em aramaico e por isso Pedro tem que ser a pedra, não procede, pelo mesmo motivo que já conferimos. O “esta pedra” pode se referir tanto ao antecedente mais próximo como também ao mais distante. Sendo assim, ainda que Cristo tenha dito kepha e kepha no verso 18, não implica que o “sobre esta” se refira a Pedro, e não à confissão de Pedro.

Ademais, todos os milhares manuscritos bíblicos antigos que temos do livro de Mateus estão em grego, o que prova que Mateus escreveu em grego o seu evangelho. E, em grego, Mateus preferiu usar duas palavras diferentes no verso 18, uma para Pedro, e outra para a pedra. Para Pedro, usou petrus, ao passo que, para a pedra em questão, usou petra. O primeiro está no masculino, ao passo que o segundo está no feminino. O primeiro significa um fragmento de pedra, enquanto o segundo significa uma rocha inabalável (confira aqui).

“O demonstrativo TAUTE (esta), antecede à PETRA (pedra - "esta pedra" v.18), refere-se à pessoa de quem se fala, isto é, à pessoa da qual Cristo e Pedro falavam, a terceira pessoa gramatical, no caso, o próprio Cristo diante da confissão de Pedro: Tú és o Cristo, o Filho de Deus Vivo". O demonstrativo TAUTE encontra-se no feminino, ligando-se, portanto, gramatical e logicamente à palavra feminina PETRA (pedra) à qual imediatamente antecede. Impossível, também gramaticalmente considerando-se, relacionar-se um demonstrativo feminino com um vocábulo masculino, pois deve prevalecer a concordância de número e gênero, PETROS (Pedro) é o nome masculino e PETRA (feminino-pedra), portanto, não tem relação com aquele" (1)

Isso prova que a pedra em questão não pode ser o próprio Pedro mencionado no verso, mas refere-se à sua confissão anterior em Cristo, dizendo ser o Filho do Deus vivo. É esse Cristo, portanto, a pedra fundamental da Igreja, e não Pedro. Ainda que Jesus e Pedro tenham conversado em aramaico, a tradução para o grego de Mateus deixou claro as diferenças que nos ajudam a determinar quem era a pedra em questão, eliminando as chances de se tratar de Pedro e nos fazendo crer conforme disse Agostinho em sua exegese do texto em questão:

“Mas eu sei que em seguida expus, muito frequentemente, as palavras de Nosso Senhor: ‘Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja’, da forma seguinte: que a Igreja seria edificada sobre Aquele que Pedro confessou, dizendo: ‘Tu és o Cristo, o Filho de Deus Vivo’. Assim Pedro (Petrus) que teria tomado o seu nome desta pedra (Petra), simbolizaria a Igreja que é construída sobre esta pedra e que recebeu as chaves do Reino dos Céus. Com efeito, não lhe foi dito: Tu és a pedra (Petra), mas: Tu és Pedro (Petrus), pois a Pedra (Petra) era o próprio Filho de Deus, Cristo. Simão Pedro, ao confessar Cristo como a Igreja inteira O confessa, foi chamado Petrus (Pedro)” (Retractações, cap. 21)

Porque, visto que Cristo é a pedra (Petra), Pedro é o povo cristão. Porque a pedra (Petra) é o nome original. Então Pedro é assim chamado de pedra; não a pedra de Pedro, como Cristo não é chamado Cristo à partir dos cristãos, mas os Cristãos à partir de Cristo. ‘Então', ele diz, ‘Tu és Pedro, e sobre esta Pedra', que tu tens confessado, sobre esta pedra que tu tens reconhecido, dizendo, ‘Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo, ‘eu edificarei Minha Igreja'; isto é, sobre Mim mesmo, o Filho do Deus vivo, ‘eu edificarei Minha Igreja'. Eu a edificarei sobre Mim mesmo, não Eu sobre ela (St. Augustin, Sermon XXVI)

E o desafio aos católicos sobre Mateus 16:18 feito por mim em 2011 ainda continua de pé:

1. Mostrar que sabe mais de grego do que o santo e doutor da Igreja, Agostinho (bispo de Hipona), o principal da sua época e que afirmava abertamente que era Cristo e não Pedro a “pedra” em questão em Mt.16:18, tendo como base o original grego para as suas formulações.

2. Mostrar como alguém pode ser um “fragmento de pedra” (petrus) e ao mesmo tempo ser uma rocha grande e inabalável (petra).

3. Mostrar como um substantivo masculino (petrus) pode estar relacionado a um substantivo feminino (petra), e também por que Jesus teria se referido a Pedro no feminino quando poderia simplesmente evitar os problemas e aplicar o “epi se” (“sobre ti”).

4. Me mostrar como um masculino plural em segunda pessoa pode estar diretamente relacionado a um feminino singular em terceira pessoa como sendo exatamente a mesma coisa!

5. Me mostrar como que Pedro era considerado “coluna” na Igreja (Gl.2:9), se os católicos dizem que ele era a pedra fundamental sobre a qual a Igreja estava edificada (i.e, como que Pedro era uma coluna edificada sobre o fundamento quando na verdade ele deveria ser o próprio fundamento e os outros estarem edificados sobre ele!).

6. Me mostrar como que Pedro pode “dividir” a tarefa de pedra fundamental com Jesus, sendo que Paulo declarou categoricamente que Cristo é o único fundamento e que ninguém pode ser posto além dele (1Co.3:11).

7. Me mostrar por que os outros evangelistas (Marcos e Lucas) sequer se preocupam em mencionar o verso 18 de Mateus 16 (mas apenas citam o v.16), sendo que para os católicos a “pedra” está encontrada exatamente no v.18 que está omitido, e não no verso 16 que é mostrado!

8. Me explicar o porquê que Jesus disse várias vezes “sobre ti” [epi se], quando aplicado à própria pessoa, coisa ou cidade a qual ele diretamente se referia, mas quando é com Pedro ele não fala “sobre ti” [epi se], mas sobre uma pedra maior e inabalável (petra) do que o que havia sido referido antes (petrus).

Ainda continuarei esperando quantos anos forem.

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

Por Cristo e por Seu Reino,
Lucas Banzoli (apologiacrista.com)


-Meus livros:

-Veja uma lista completa de livros meus clicando aqui.

- Acesse o meu canal no YouTube clicando aqui.


-Não deixe de acessar meus outros sites:
Apologia Cristã (Artigos de apologética cristã sobre doutrina e moral)
O Cristianismo em Foco (Reflexões cristãs e estudos bíblicos)
Estudando Escatologia (Estudos sobre o Apocalipse)
Desvendando a Lenda (Refutando a Imortalidade da Alma)
Ateísmo Refutado (Evidências da existência de Deus e veracidade da Bíblia)

Comentários

  1. Em primeiro lugar, não sou católico. Inclusive foi por querer refutar essa afirmação católica de que Pedro foi o primeiro Papa que cheguei a este site.

    O que quero colocar aqui é só um questionamento: Como usar por base a gramática da língua portuguesa para esse argumento se a ideia de que Pedro era a pedra é difundida mundo afora independente do idioma?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Anônimo, meu caro, se você reler o texto verá que em TODAS as vezes que eu cito um texto bíblico eu mostro o original grego, quando por exemplo quando eu digo:

      “Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Este mesmo é o anticristo, que nega o Pai e o Filho” (1ª João 2:22)

      No original grego lemos:

      “Τίς ἐστιν ὁ ψεύστης εἰ μὴ ὁ ἀρνούμενος ὅτι Ἰησοῦς οὐκ ἐστιν ὁΧριστός; οὗτος ἐστιν ὁ ἀντίχριστος ὁ ἀρνούμενος τὸν πατέρα καὶ τὸν υἱόν”

      Se isso não é o grego, então eu não sei mais o que é. Isso sem falar da explicação baseada no grego que fundamenta todo o texto:

      “O demonstrativo TAUTE (esta), antecede à PETRA (pedra - "esta pedra" v.18), refere-se à pessoa de quem se fala, isto é, à pessoa da qual Cristo e Pedro falavam, a terceira pessoa gramatical, no caso, o próprio Cristo diante da confissão de Pedro: “Tú és o Cristo, o Filho de Deus Vivo". O demonstrativo TAUTE encontra-se no feminino, ligando-se, portanto, gramatical e logicamente à palavra feminina PETRA (pedra) à qual imediatamente antecede. Impossível, também gramaticalmente considerando-se, relacionar-se um demonstrativo feminino com um vocábulo masculino, pois deve prevalecer a concordância de número e gênero, PETROS (Pedro) é o nome masculino e PETRA (feminino-pedra), portanto, não tem relação com aquele"

      Sobre os demais versículos, se você não tiver preguiça basta ir conferir um por um no original grego para ver se algum deles está adulterado na transcrição ao português, se você quiser eu te ajudo:

      http://www.sacrednamebible.com/kjvstrongs/index2.htm

      Não sei se você é realmente evangélico ou só mais um se fingindo ser, mas de qualquer jeito fique na paz do Senhor.

      Excluir
  2. Prezado Lucas, a paz de Cristo!

    Sou do grupo do Facebook, não sei se você se lembra de uma questão que eu lhe fiz uns dias atrás. Preciso de mais um auxílio. Tentei questionar um membro do grupo perguntando onde estava Pedro quando Paulo esteve em Roma e ele veio com este argumento: "Raciocine comigo amigo!... 1 Pedro 5, 13: 'A igreja escolhida de Babilônia (ROMA) saúda-vos, assim como também Marcos, meu filho'... VEJA QUE PEDRO FALA DE ROMA, E MARCOS ESTÁ COM ELE (Colossenses 4, 10). 'Saúda-vos Aristarco, meu companheiro de prisão, e Marcos, primo de Barnabé, a respeito do qual já recebestes instruções'. Assim como Pedro diz que Marcos está com ele em Babilônia (ROMA), Paulo também, quando escreve sua carta aos Colossenses, diz que Marcos está com ele em Roma." .......... Depois, eu disse que o argumento da masculinização da palavra "Petra" é fraco, e ele respondeu: "Quem estuda linguística acha forte... Resumindo: no aramaico, gênero masculino e feminino se expressam iguais, com uma mesma palavra, bem como no grego koiné." .......... E agora? Fiquei um pouco confuso. Desde já grato pela atenção. Um abraço!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Rodrigo, tudo bem? Me desculpe por não me lembrar exatamente da sua mensagem, você me perguntou pelo blog, pelo site ou pelo facebook? Se eu não te respondi ainda, pode reenviar sua pergunta que eu lhe respondo (pelo que me consta eu já respondi as cartas que eu estava devendo resposta). Sobre estes argumentos, todos eles já foram comentados em meu livro sobre o tema, chamado: "A História não contada de Pedro":

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2013/10/meu-novo-livro-historia-nao-contada-de.html

      Apenas para resumir rapidamente aquilo que foi argumentado extensivamente no livro, os católicos não tem qualquer argumento sério para crer que a Babilônia de 1Pe.5:13 seja Roma. Babilônia ali é a Babilônia mesmo, que existia como província no século I. Seria ridículo que Pedro usasse um código secreto nesta passagem, se seu contexto não é nada enigmático, não está ofendendo tal lugar para que fosse omitido, e as cartas apostólicas daquela mesma época citavam o nome de Roma com total naturalidade (ex: Paulo escrevendo aos romanos e não "aos babilônicos", Lucas citando Roma em Atos dezenas de vezes, etc).

      Essa alegação católica é totalmente desprovida de bom senso e foi formulada pura e simplesmente para colocar goela abaixo que Pedro estava em Roma, já que lhes falta qualquer evidência a este respeito.

      Sobre o outro argumento, ele é facilmente refutável pelo fato de que há 4 anos de intervalo entre Colossenses (escrita em 60 d.C) e 1Pedro (escrita em 64 d.C). Neste intervalo era comum os cristãos da época viajarem de igreja a igreja, como fazia Paulo (basta ver o livro de Atos). O problema é que os católicos tem em mente um conceito deturpado em que cada bispo e presbítero ficava parado numa mesma igreja local para sempre, o que é diametralmente oposto ao que ocorria na Igreja primitiva, em que os apóstolos e discípulos eram missionários itinerantes, levando a todo o tempo o evangelho a todos os lugares, porque sabiam que era necessário que o evangelho fosse pregado em todas as nações até que Jesus voltasse.

      Portanto, nestes 4 anos tudo poderia ter acontecido, e essa "evidência" católica só seria evidência mesmo se os dois livros tivessem sido escritos NA MESMA época, o que sabemos que não é verdade.

      Sobre o último argumento dele, é falsa a afirmação de que no grego koiné não havia diferença entre gêneros. O masculino era "petrus", o feminino era "petra". Isso é corroborado por TODAS as concordâncias nominais existentes, a não ser que ele queira reformular todas elas para dizer que todas as concordâncias escritas até hoje pelos maiores eruditos que já existiram estão todas erradas, mas ele está certo.

      Abraços.

      Excluir
    2. Lucas. obrigado pelas explicações mais uma vez. Assim eu me sinto mais seguro para refutar esses argumentos. Sobre a questão anterior que eu havia feito, ela foi muito bem respondida sim, foi por aqui mesmo, obrigado. Se você quiser dar uma espiada no grupo do Facebook, é o "Debatendo doutrinas e heresias". Eu estou ainda por lá estas horas tentando convencer nossos amigos católicos dos erros doutrinários. Não é nada fácil, rsrs. Abraços!

      Excluir
    3. Eu debatia em redes sociais até alguns anos, mas me retirei pela quantidade imensurável de trolls, pessoas que pensam que falar por último é vencer um debate, pessoas que ofendem e a moderação não faz nada, pessoas que enchem de control c + control v e que nem leem a refutação do oponente, além de muitos católicos fanáticos que pensam que os evangélicos são uma "raça sub-humana" e tem um verdadeiro ódio no coração (é claro que não me refiro a todos, mas a boa parte, como eu mostro neste artigo: http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2013/10/o-odio-e-o-preconceito-dos-catolicos.html).

      Por isso atualmente eu me limito apenas a escrever nos blogs e no site, a responder cartas em particular e em escrever livros, porque as vezes perco a paciência com essa gente, são cegos demais, e é difícil levar adiante um debate com alguém sincero e honesto quando tem muitos outros que são levados por um outro espírito. Mas fico feliz por você ter mais paciência que eu, e de estar levando o verdadeiro evangelho ali.

      Abraços!

      Excluir
  3. Prezado Lucas, a paz de Cristo!

    Como eu consigo refutar a seguinte argumentação católica?

    "Petra é equivalente a KEPHA (cefas) e para dar nome a um homem, ficou Petrus, mas o significado permaneceu o mesmo (Rocha ou pedra grande), se fosse para significar pedra pequena, teria que ser no grego: Lithos (λίθος)." .......... Agora eles estão substituindo petrus por lithos. Desde já grato pela atenção.

    Um abraço!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Rodrigo, a paz. Ontem eu postei no blog um artigo mais amplo sobre Mateus 16:18, em que eu comento questões como essa:

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2014/01/estudo-exegetico-completo-sobre-mateus.html

      Ali eu mostro que os principais léxicos do grego concordam que "petrus" significa "fragmento de pedra", e não uma "pedra grande", como foi alegado (não conheço nenhum léxico do grego que dê "pedra grande" como significado para petrus!). É verdade que lithos significava pedra pequena, mas isso de modo nenhum muda o significado de petrus como fragmento de pedra. Confira naquele artigo acima mencionado que eu abordo tudo isso com mais amplitude.

      Um abraço!

      Excluir
  4. Olá Lucas,

    "18 Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, e as portas do Hades nunca prevalecerão contra ela. 19 Eu te darei as chaves do Reine dos Céus e o que ligares na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus". Mt 16, 18-19

    Se Pedro não é fundamento da Igreja, como explicar o nexo lógico entre os versículos 18 e 19?

    Já vi alguns protestantes afirmarem que também no versículo 19 Jesus Cristo estava se referindo a Ele mesmo, o que me parece um tanto quanto absurdo, sendo que Ele já detinha desde toda a eternidade as chaves das portas do céu. E de qualquer forma, ninguém pode ser doador e receptor de um objeto ao mesmo tempo.

    Outro questionamento a este respeito, é do por que não vemos Cristo "dar as chaves do Reino dos Céus" a mais ninguém, e somente a Pedro?


    A Paz!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, Carlos, eu não vejo nenhum problema no fato de Jesus ter entregado as chaves a Pedro. Ele primeiro elogia o apóstolo, depois diz que é sobre aquela confissão que ele edificaria a Sua Igreja, e depois lhe entrega as chaves do Reino dos céus. Seria como você dizer algo para mim, eu o elogiar, dizer que aquilo era importante e em consequência entregar a você alguma "recompensa". Não há uma ordem lógica sendo quebrada aqui.

      Sobre as chaves em si, eu escrevi sobre isso em meu livro: "A HISTÓRIA NÃO CONTADA DE PEDRO", você ver aqui:

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2013/10/meu-novo-livro-historia-nao-contada-de.html

      Como eu acho que ainda não postei aqui no blog a parte referente às chaves, vou transcrever aqui o que foi dito lá:

      Se Pedro fosse um papa infalível por possuir as chaves, então todos os discípulos de Cristo eram papas infalíveis, pois todos eles possuíam as chaves, e não somente Pedro. Isso fica claro porque no próprio texto de Mateus 16:19 é nos dito que as chaves serviriam para ligar e desligar qualquer coisa no reino dos céus, e a todos os discípulos foi dito o mesmo em Mateus 18:18:

      “Em verdade vos digo que tudo o que vocês ligarem na terra será ligado no céu, e tudo o que vocês desligarem na terra será desligado no céu” (Mateus 18:18)

      Portanto, esse poder era de todos os discípulos, e não somente de Pedro. Se as chaves fossem sinais de papado ou infalibilidade, então teríamos doze papas infalíveis na Igreja da época, já que Cristo disse aquilo em Mateus 18:18 no plural, para todos os seus discípulos e não somente a Pedro. Ele disse especificamente a Pedro em Mateus 16:18 porque foi Pedro quem naquela ocasião recebeu a revelação divina de que Cristo era o Filho do Deus vivo, e não porque somente Pedro fosse detentor das chaves. De fato, o próprio Orígenes já mostrava o quão ridícula e absurda é a tese de que somente Pedro possuía as chaves do reino dos céus e o poder de ligar e desligar:

      “A promessa dada a Pedro não é restrita a ele, mas aplicável a todos os discípulos como ele. Mas se supões que é somente sobre Pedro que toda a Igreja é edificada por Deus, que dirias sobre João o filho do trovão ou de cada um dos apóstolos? Atrever-nos-emos, de outro modo, a dizer que contra Pedro em particular não prevalecerão as portas do Hades, mas que prevalecerão contra os outros apóstolos e os perfeitos? Acaso o dito anterior, ‘as portas do Hades não prevalecerão contra ela’, não se sustém em relação a todos e no caso de cada um deles? E também o dito, ‘Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja?’ São as chaves do reino dos céus dada pelo Senhor só a Pedro, e a nenhum outro dos bem-aventurados as receberá? Mas se esta promessa, ‘Eu te darei as chaves do reino dos céus’ é comum aos outros, como não o serão também todas as coisas de que anteriormente se falou, e as coisas que estão subordinadas como tendo sido dirigidas a Pedro, ser comuns a eles?" (Comentário sobre Mateus XII, 11)

      Excluir
    2. Antes de Pedro, as chaves estavam sobre o poder dos fariseus (Lc.11:52), e mesmo assim não vemos um “papa” divinamente proclamado pelo Senhor dentre eles. No Novo Testamento, essas chaves passam a ser de todos os cristãos, pois foi sobre todos os discípulos que Cristo soprou o Espírito Santo e lhes deu o poder de perdoar ou reter os pecados (Jo.20:23), sobre todos eles que ele disse que o que ligassem na terra seria ligado no Céu (Mt.18:18), e os outros fora dos doze, como Paulo e Barnabé, também tinham as chaves para abrir a porta da fé aos gentios:

      “Chegando ali, reuniram a igreja e relataram tudo o que Deus tinha feito por meio deles e como abriram a porta da fé aos gentios” (Atos 14:27)

      Como foi que Paulo e Barnabé “abriram a porta da fé aos gentios”? Com as chaves! Portanto, essas chaves não são nem de longe algum “poder papal” para fazer o que quiser aqui na terra, como a fogueira ou as máquinas de tortura da Santa Inquisição, a venda de indulgências para a salvação ou para obrigar Galileu Galilei a negar que a terra é esférica para não ser queimado, mas é a proclamação do evangelho para os gentios, isto é, para aqueles povos ainda não alcançados que precisam ouvir do evangelho de Cristo. E essa obrigação, como Cristo disse, é um imperativo “ide” a todos os cristãos (Mc.16:15), pois somos os “embaixadores de Cristo” (2Co.5:20) na terra.

      Excluir
    3. Olá Lucas,

      Obrigado por sua resposta.

      Pelo o que entendi, na tua interpretação, cada um que professe o mesmo que Pedro professou tem então as chaves do Reino dos Céus? Não vejo claramente isto acontecendo na Bíblia, não sei se é válido fazer uma ligação assim entre os dois capítulos. Mas respeito esta interpretação.

      Ao meu ver, "simbolicamente" poderíamos entender desta forma. Porém, não é isto que vemos acontecer no mundo protestante. Vemos muitos professarem a mesma fé em nível básico, mas como prescindem de uma autoridade, as afirmações de fé mais elaboradas são esfareladas. Não gosto deste tipo de argumentação, mas com certeza vemos que o cristianismo está longe de ser um só rebanho com um só pastor. Algo há de errado. E cabe a nós descobrir a raíz das discórdias.

      Em minha interpretação, nesta passagem como também em muitas outras, fica claro a autoridade que Jesus outorga a somente alguns. Separa apenas alguns poucos, e dentre estes poucos, separa Pedro.

      Em Lucas 22, eu vejo claramente a afirmação de uma hierarquia. E mais especificamente em...

      "Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como o trigo;
      mas eu roguei por ti, para que a tua confiança não desfaleça; e tu, por tua vez, confirma os teus irmãos." Lc 22, 31-32

      ... vejo que Cristo fala sobre todos, mas outorga a Pedro um cargo de superior na hierarquia.

      Também em Efésios 2, 20, vemos claramente que Pedro e os apóstolos não pretendem substituir Cristo, mas sim que são fundamentados sobre Ele.

      "...edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, tendo por pedra angular o próprio Cristo Jesus."

      Acredito que há motivos suficientes para discernir uma única Igreja, com uma hierarquia de autoridade, onde alguns irmãos possuem a prerrogativa de interpelar outros irmãos que caiam em erros, e com irmãos auxiliando irmãos no decorrer do tempo, "cheios de um perfeito conhecimento, capazes de vos admoestar uns aos outros" (Romanos 15, 14), e "que arduamente trabalham entre vós para dirigir-vos no Senhor e vos admoestar" (I Tessalonicenses 5, 12).

      A autoridade de uma única Igreja visível e instituída, ao meu ver, é totalmente óbvia. A discussão mais polêmica seria realmente sobre a existência ou não de um único chefe. Em outras palavras, para desautorizar a Igreja é necessário muito mais malabarismos exegéticos do que para desautorizar Pedro.


      Quanto a patrística, não seria de se espantar que existam muitas citações sobre a fundação da Igreja em Pedro:

      Como nos escritos de Orígenes:

      “Mas, como a doutrina da Igreja, transmitida na sucessão ordenada desde os apóstolos, é preservada nas igrejas e perdura até hoje, não deve ser recebido como um artigo de fé na além do que aquelas verdades que em nada se afastam de qualquer da tradição eclesiástica e apostólica”

      "“Mas quem é tão feliz que estar livre do peso das tentações, de modo que nenhum pensamento de dúvida surpreendesse sua alma? Olhe o que o Senhor diz para o grande fundamento da Igreja, aquela rocha muito sólida sobre a qual Cristo fundou a Igreja: ‘Homem de pouca fé, por que duvidaste?’”"

      "É Pedro, sobre o qual está construída a Igreja, contra a qual as portas do inferno não prevalecerão ..."

      Ou Cipriano:

      "Daí, através das mudanças de tempos e sucessões, a ordenação de bispos e o plano da Igreja flui para diante; de modo que a Igreja está fundada sobre os bispos, e cada ato da Igreja está controlado por estes mesmos governantes."

      (continua...)

      Excluir
    4. (continuação...)

      (continuação...)
      "Aqui fala Pedro, sobre quem a Igreja havia de ser edificada, ensinando e mostrando no nome da Igreja, que ainda que uma rebelde e arrogante multidão daqueles que não querem ouvir nem obedecer possa afastar-se, ainda assim a Igreja não se afastará de Cristo; e são a Igreja aqueles que formam um povo unido ao sacerdote, e o rebanho que adere ao seu pastor.”

      "E embora a todos os Apóstolos, depois da Sua ressurreição, tenha dado um igual poder, e diga, "Como o meu Pai me enviou, assim também eu vos envio: Recebei o Espírito Santo; àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados, e àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos (João 20:21); - todavia, para manifestar UNIDADE, Ele por sua própria autoridade providenciou a origem dessa unidade, ao começar de um. Certamente os outros Apóstolos também eram o que era Pedro, dotados de um igual companheirismo de honra e poder; mas o começo procede da unidade. "

      Ou Afraates, o Sírio:
      “Jesus, nosso Salvador chamou a Simão de rocha firme e colocou-o como uma fiel testemunha entre as nações”

      "Simão Cefas, a fundação da Igreja ... Tiago e João firmes pilares da Igreja"

      Ou São Tiago de Nisbis

      “Simon, que foi chamado Rocha, foi merecidamente chamado por causa de sua fé”
      "E Simão, o chefe dos apóstolos, que negou a Cristo, dizendo que não tinha visto, e amaldiçoou e jurou que não o conhecia desde o momento que Deus deu a contrição e penitência, e lavou os seus pecados no lágrimas de dor, nosso Senhor recebeu e fez dele o fundamento ea rocha chamada do edifício da Igreja "

      Ou Eusébio de Cesaréia

      “E Pedro, sobre o qual a Igreja de Cristo é construída, contra a qual as portas do inferno não prevalecerão”

      Ou até mesmo Agostinho de Hipona (citado por você como um apoiador na causa protestante para o dilema "A Pedra: Cristo x Pedro" :

      “Não vamos ouvir aqueles que negam que a Igreja de Deus é capaz de perdoar todos os pecados. Eles estão errados, porque eles não reconhecem em Pedro a Rocha e eles se recusam a acreditar que as chaves do céu, a partir de suas próprias mãos, foram entregues à Igreja.”

      "“Quando assim ele disse aos seus discípulos: “Você também me deixaram”, Pedro, a rocha, respondeu por todos: “Senhor, a quem iremos nós, só tu tens palavras de vida eterna”".

      Não acredito que isso solucione a questão. Ao meu ver, esse embate teórico entre católicos e protestantes pode ir do nível mais simplórios, como discutir questões dos problemas morais de papas católicos ou mesmo dos reformadores protestantes, ou sobre o esfarelamento do cristianismo sob a regra da Sola Scriptura e Livre Interpretação, ou passar pelo nível da guerra dos versículos (que no fundo só demonstra como sendo uma guerra de interpretações de versículos, já que a Bíblia por si só não é holisticamente autoexplicativa, conforme ambos concordamos ao olhar para o gigantesco prelo de livros protestantes), ou chegar nesse nível das citações patrísticas, com pesos para ambos os lados, o que também não deixa de envolver interpretações, conforme demonstrei trazendo citações acima dos mesmos padres.





      Sobre a questão da moralidade papal, bem, poderíamos entrar numa discussão infinita sobre cada um dos pontos afirmados sobre os erros dos papas, mas acho que já tem muito material por aí. Um dos mais acessíveis são os documentários do Thomas Woods, Igreja Católica Construtora da Civilização Ocidental. Conhece? Te mandarei os links organizados por e-mail, ok?
      Mas quanto a Galileu ter sido obrigado a negar que a "Terra é esférica", isto é historicamente totalmente inverídico. A Terra já era considerada esférica muito antes de Galileu. Veja no documentário do Thomas Woods (tem um episódio só sobre o caso) que o problema da Galileu tem a ver com geocentrismo x heliocentrismo. Na verdade, infelizmente, esta é mais uma das falácias ensinadas por nossos professores marxistas!

      A paz!

      Excluir
    5. Olá, Carlos.

      Para que servia o uso das chaves? A resposta é biblicamente clara: para proclamar o evangelho aos descrentes. Quando pregamos a Palavra a um descrente, nós estamos “abrindo as portas” do evangelho para ele, que de outra forma permaneceriam fechadas. Já mostrei anteriormente que Paulo e Barnabé usaram as chaves para este fim, assim como todos os apóstolos – nunca se limitou a Pedro. Portanto, o uso das chaves está DISPONÍVEL a todo cristão, embora não seja USADO por todo cristão, mas somente por aqueles que pregam o evangelho. O problema é que a Igreja de Roma distorceu o sentido das chaves como se significasse autoridade eclesiástica, e todo o sentido real se perdeu.

      Não há hierarquia alguma em Lucas 22, no texto que você usou. Jesus não usou uma palavra que designa autoridade ou liderança, nem o evangelista Lucas verteu para o grego usando algum termo que significasse isso, mas usou a palavra sterizo, que significa “fortalecer, tornar firme”. E é dever de todos nós fortalecer uns aos outros. O autor de Hebreus diz a todos (não só a Pedro) para “tornar a levantar as mãos cansadas e os joelhos vacilantes” (Hb.12:12), Tiago diz para “fortalecer os vossos corações” (Tg.5:8), Paulo diz para “fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder” (Ef.6:10), para “consolai-vos uns aos outros” (1Ts.4:18) e para “exortai-vos uns aos outros e edificai-vos uns aos outros” (1Ts.5:11).

      Portanto, a tarefa que Jesus designou a Pedro não era alguma que os demais discípulos e cristãos não tivessem que praticar ou que fosse de exclusividade a Pedro, mas uma que é dever de todos os cristãos. Isaías, ainda nos tempos do Antigo Testamento, não escreveu só ao papa: “Fortalecei as mãos fracas, e firmai os joelhos vacilantes” (Is.35:3). É dever de todos nós “considerarmos uns aos outros para incentivar-nos ao amor e às boas obras” (Hb.10:24).

      Jesus disse aquilo a Pedro naquela ocasião por causa de seu contexto imediato, pois havia predito no verso anterior que Satanás o tentaria (v.31), como de fato o fez, o levando a negar Jesus três vezes, como ele próprio diz logo em seguida que aconteceria (v.34). Então, dentro deste contexto, Jesus diz que, quando isso tudo passasse, Pedro seria usado por Deus para fortalecer seus irmãos (v.12), fazendo o mesmo que vimos que é dever de todos os cristãos, não apenas de Pedro.

      Em outras palavras, Cristo diz que Pedro iria cair naquela tentação, mas que depois seria recolocado em seu devido lugar como cristão, junto aos demais “embaixadores de Cristo” (2Co.5:20), para pregar o evangelho a toda criatura (Mc.16:15) e para fortalecer uns aos outros (Lc.22:32; Tg.5:8; Hb.10:24; Is.35:3; Ef.6:10). Ou seja: que ele não ficaria caído para sempre, mas seria restaurado por Ele.

      Se Cristo quisesse dizer que Pedro lideraria os demais, não teria usado a palavra sterizo, que nem em sentido primário nem em sentido secundário significa liderança, mas teria usado a palavra hegeomai, que significa “um líder; governante; comandante; ter autoridade sobre”, ou então a palavra grega arche, que significa “líder”, bem como seus derivados: archegos, que significa: “um líder principal”; archieratikos, que significa: “Sumo Pontífice”; archipoimen, que significa: “Sumo Pastor”; archon, que significa: “governador, comandante, chefe, líder”; archo, que significa: “ser o chefe, liderar, governar”; ou archomai, que significa: “ser o chefe, líder, principal”. MAS JESUS NÃO USOU NENHUMA DELAS.

      Excluir
    6. Lucas,

      Na verdade, minha visão de Igreja não se baseia em uma questão de crença. No lado racional, eu não vejo como possível a não existência de uma hierarquia.
      A Bíblia possui muitas contradições e paradoxos, que só são resolvidos quando alguém argumenta a favor de um ponto de vista em oposição a outro. Volto a afirmar: ela não é totalmente explícita, autoexplicativa e autossuficiente. Este argumento é cabal quando olhamos a simplicidade do argumento de que a Bíblia não possui índice. Os livros do Novo Testamento não se referem mutuamente. Para crermos nas nossas escrituras, nestas que incluem o Novo Testamento, devemos obrigatoriamente confiar que os homens que decidiram isto estavam inspirados pelo Espírito Santo. Portanto, PRIMEIRO: fé nos homens (inspirados), SEGUNDO: fé nas escrituras (inspiradas).

      A tradição oral veio antes. As pessoas comuns só tiveram acesso as escrituras a partir dos últimos 5 séculos. Antes disto, as pessoas só podiam obrigatoriamente confiar nas escrituras a partir dos homens. E isto, não pela falácia inventadas de que a Igreja não permitia o acesso a Bíblia e a traduções como forma de manutenção do poder, e sim, simplesmente, porque não havia como imprimir Bíblias. As cópias eram todas manuais. O que as tornava caríssimas. E a questão das traduções, como você bem deve saber, é uma questão de textos heréticos saindo fora do controle da Igreja. Muito provavelmente se a revolução protestante tivesse ocorrido uns 5 séculos antes, nós teríamos muito mais Bíblias por aí.

      Temos muitos cristãos no mundo, vários deles professam claramente que Jesus Cristo é o filho do Deus vivo. E mesmo assim, as divergências de doutrinas e de fé continuam.
      Por isso, ao meu ver, é necessário uma autoridade, uma hierarquia, onde as questões disputadas possam ser resolvidas.
      No cenário atual, fica muito difícil distinguir de quem Cristo estava falando quando disse:

      "Quem vos ouve, a mim ouve; e quem vos rejeita, a mim rejeita; e quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou." Lc 10, 16

      Sei que com a Sola Scriptura isso significa:

      "Quem vos lê, a mim ouve; e quem rejeita aquilo que vocês escreveram, a mim rejeita; e quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou."

      Porém, não consigo interpretar desta forma. Vejo claramente a tradição se antecipando as escrituras, assim como a necessidade patente de uma hierarquia para a resolução de conflitos.



      Obrigado pelas respostas.
      Deus te abençoe também!

      Excluir
    7. Olá, Carlos.

      Como já afirmei anteriormente, a fé não está baseada primeiramente em homens, mas em Deus. Nós não cremos em homens inspirados, mas em Deus que inspirou homens, e temos evidências disso. Você pode achar que a diferença é pouca, mas não é. “Maldito o homem que confia no homem” (Je.17:5), é o que diz Jeremias. As Escrituras, embora sejam escritas por homens (inspirados), é chamada de “Palavra de Deus” (Mc.7:3). Portanto, as Escrituras estão acima de homens. Homem nenhum pode estar acima da Palavra de Deus. Seria como colocar a palavra de um homem contra a Palavra de Deus. Impossível.

      Você repete com a maioria dos católicos de que a tradição oral veio antes. Concordo. Mas QUE TIPO de tradição oral? Se você pesquisar a respeito do significado primário de tradição, verá que ela significa “ensino”. A questão principal então é: esse ensino (tradição) é DE ACORDO com as Escrituras ou FORA das Escrituras? Os católicos, como você, creem que está fora; os evangélicos, como eu, creem que está dentro. Eu escrevi um artigo sobre isso (dividido em três partes) em que mostro que os Pais da Igreja criam na tradição da forma protestante, e não da forma católica-romana:

      http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/search/label/Tradi%C3%A7%C3%A3o%20Apost%C3%B3lica

      Ou seja: aquilo que foi pregado oralmente é EXATAMENTE AQUILO QUE FOI DEIXADO POR ESCRITO (nas Escrituras). Não é um conteúdo “fora” da Bíblia! Os fariseus foram repreendidos severamente por Jesus por não entenderem isso, pois eles acrescentaram tradições que estavam FORA da Bíblia (exatamente como os católicos fazem hoje), e Jesus disse que assim eles estavam ANULANDO as Escrituras:

      Mateus 5:13 - E por que vocês transgridem o mandamento de Deus por causa da tradição de vocês?

      Mateus 15:6 - Assim vocês anulam a palavra de Deus por causa da tradição de vocês.

      Marcos 7:3 - Assim vocês anulam a palavra de Deus, por meio da tradição que vocês mesmos transmitiram. E fazem muitas coisas como essa.

      Marcos 7:6,7 - Bem profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim; em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens.

      Marcos 7:8 - Vocês negligenciam os mandamentos de Deus e se apegam às tradições dos homens.

      Marcos 7:9 - Vocês estão sempre encontrando uma boa maneira para pôr de lado os mandamentos de Deus, a fim de obedecer às suas tradições!

      Por mais que você hesite neste ponto, o fato é que a Escritura é o único lugar onde está registrado aquilo que Jesus originalmente disse, fazendo alusão ao texto que você citou (Lc.10:16). Mas se a tradição oral é uma fonte de revelação paralela às Escrituras, como você crê, terá que me explicar QUAL tradição é a correta – se é a romana ou a ortodoxa – e por que os judeus não tinham nenhum Magistério infalível nem nenhuma tradição incorrupta, mas a Igreja tem que ter. E isso eu nunca vi um católico responder convincentemente.

      Deus te abençoe.

      Excluir
  5. Seu silogismo estaria correto se você não distorcesse a primeira premissa, que fala de DOUTRINAS e não de qualquer coisa. Nenhum protestante jamais disse que “tudo tem que estar na Bíblia”, mas sim que todas as DOUTRINAS tem que estar na Bíblia. O cânon é doutrina? Óbvio que não. Logo, seu silogismo é derrubado logo no primeiro ponto.

    Deixando mais claro:

    1) Todas as doutrinas tem que estar na Bíblia.

    2) Cânon não é doutrina.

    3) Portanto, o cânon não tem que estar na Bíblia.

    Não confie em tudo o que você lê por aí nos sites apologéticos católicos, eles distorcem tudo o que é de informação reformada, e simplesmente arremetem contra um espantalho.

    Abraços.

    ResponderExcluir
  6. O cânon das Escrituras não é determinado pelas próprias Escrituras. O que seria um absurdo. O cânon é determinado pelo reconhecimento que certos escritos são Palavra de Deus, inspirados pelo Espírito Santo.

    Depois desse reconhecimento estar feito (através de critérios como a apostolicidade, a ortodoxia, o testemunho do Espírito Santo...) é que se aplica o princípio da Sola Scriptura.

    Ou seja, «Sola Scriptura» já pressupõe a existência de uma cânon de Escrituras. Quando se reconhece a um escrito o «status» de Escritura então ele passa a ter, pela sua própria natureza, autoridade máxima e suprema porque é a Palavra de Deus. «Toda a Escritura é inspirada por Deus»

    Em resumo, a exigência dos católicos de querer que o cânon das Escrituras seja revelado nas próprias Escrituras, além de absurda é desonesta.

    Paz

    ResponderExcluir
  7. Não vejo como desonesto ou absurdo, é apenas o nexo lógico que antepõe o testemunho e a tradição oral à qualquer texto escrito.

    O cânon não é uma doutrina, é uma "metadoutrina".
    A Sola Scriptura é um princípio de teor justo, mas exige-se a pergunta "qual scriptura"? E ainda "por que tal scriptura"?
    Como no próprio novo testamento não existem instruções de autoconfiança e autoreferencias, a sola scriptura não se explica pir si mesma, e é patente a necessidade de alguma regra precedente.
    O mero aceite de que a "scriptura" que você compra hoje na livraria mais próxima é a verdadeira e autêntica "scriptura" pula passos gigantescos de análise da conjuntura, e te põe novamente na posição de "confiar em homens", posição esta que é muito crítica no meio protestante. Como expliquei sobre meu ponto de vista em comentários anteriores existe uma cadeia de confiança que antepõe decisões humanas à "sola scriptura".
    Infelizmente é a história.

    A paz!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Você está equivocado. Aqui ninguém nega a história. Pelo contrário, quem nega a história é a sua Igreja ao proclamar que só ela é capaz de discernir o cânon autêntico através de artes mágicas fazendo tábua rasa de toda a história.

      Para quem não está cego é muito simples ver onde está a absurdidade e a desonestidade de tudo isto.

      É absurdo perguntar onde está o cânon das Escrituras nas Escrituras, porque o cânon das Escrituras são as próprias Escrituras. Se já há Escrituras é porque já há um cânon, seja ele qual for de Escrituras, que foi previamente determinado.

      E a Sola Scriptura o que diz é que são essas Escrituras que têm autoridade suprema como Palavra de Deus.

      E é desonesto porque distorce e faz uma caricatura do princípio da Sola Scriptura. A Sola Scriptura não rejeita a priori a validade de toda e qualquer tradição oral. Se o fizesse tinha que rejeitar boa parte do Novo Testamento, visto que muito do que está lá são tradições orais postas por escrito.

      Os protestantes não negam que a pregação ou tradição oral antecedeu o texto escrito, nem que o cânon foi discernido por humanos falíveis.

      Recomendo-lhe que se inteire devidamente sobre o que os protestantes entendem realmente por Sola Scriptura e o que ela significa e não significa, e a abandonar essa caricatura de Sola Scriptura divulgada nos sites de apologética católica.

      Eu posso lhe dar uma ajuda.

      Sola Scriptura significa:

      1. Que a Bíblia é a única regra infalível da fé (doutrina) e da prática (costumes).

      2. Que o ensino da Bíblia é suficiente para que as pessoas aceitem Jesus Cristo como Senhor e Salvador, e fazendo o que ela diz, alcancem a vida eterna.

      Corolários:

      1. A Igreja de Jesus Cristo não necessita de revelações que não se achem explicitamente ou por lógica e clara implicação na Bíblia.

      2. Não há outra regra infalível de fé fora das Escrituras.

      Por outro lado, Sola Scriptura NÃO significa:

      1. Que a Bíblia contenha absolutamente tudo o que Deus disse e fez.

      2. Que a Palavra de Deus não se tenha transmitido oralmente em muitas ocasiões e situações históricas.

      3. Que a Igreja careça de autoridade para interpretar, ensinar e defender a Palavra de Deus.

      4. Que toda a tradição não escrita deva ser rejeitada a priori e a fortiori.

      Excluir
  8. Não, você está redondamente equivocado.

    Você diz que "o cânon das Escrituras são as próprias Escrituras": Não existe lógica nenhuma nesta afirmação.
    O cânon bíblico foi instituído a partir de concílios, e tais concílios existiram numa conjuntura de um cristianismo completamente diferente deste que vemos hoje em dia. Era um cristianismo "católico", no significado puro do termo.

    Temos afirmações claras e objetivas sobre a instituição do cânon bíblico em concílios católicos como o Concílio de Cartago III (em 397), Concílio de Cartago IV (em 419), no catálogo dos livros sagrados composto durante o pontificado de São Dâmaso (384), no Concílio de Roma de 382, na Carta "Consulenti Tibi" do papa Inocêncio I em 405, ou do papa S. Gelásio em 495 no Decreto Gelasiano, reafirmado pelo papa S. Hormisdas em 520.

    Para o protestantismo, reduzir a Igreja Católica a uma instituição puramente humana só é possível se o fizerem a partir de determinado ponto arbitrário mais ou menos depois do século VI. Antes disso, é destruir toda a base cristã que temos em comum. E junto com isto vai a tal "sola scriptura".


    Volto a afirmar: se o cristianismo fosse como é hoje os cristãos não teriam uma única Bíblia, e sim várias. Temos uma única Bíblia ("scriptura") porque nós todos, como um povo único cristão, tínhamos uma única autoridade. A Bíblia é fruto de uma autoridade única, sob a chancela da instituição católica. Ignorar isto é ignorar a história.

    ResponderExcluir
  9. Que Barbaridade!!!

    Então o que você acha que é o conteúdo do cânon das Escrituras? Alguma coisa diferente das Escrituras?

    O cânon bíblico são as próprias Escrituras, que a Igreja reconhece como sendo Palavra de Deus inspirada pelo Espírito Santo, e portanto, dotadas de uma autoridade intrínseca que vem do seu Autor, e a sua autoridade não depende de nenhuma chancela de alguma Igreja.

    O cânon é discernido confessado e proclamado, não é instituído ou definido ou decretado. Os livros estão no cânon porque são inspirados, não são inspirados porque estão no cânon.

    Nenhum concílio ecuménico da antiguidade se pronunciou sobre o conteúdo do cânon bíblico. O primeiro concílio na história da Igreja que afirmou dogmaticamente o conteúdo do cânon bíblico foi o concílio de Trento no século XVI. Se os cristãos precisassem da autoridade infalível da Igreja de Roma para conhecerem o cânon teriam ficado sem Bíblia até 1546. Os concílios africanos foram concílios regionais que não representavam nem vinculavam toda a cristandade. Depois deles eminentes padres e membros ilustres da própria Igreja de Roma contrariaram as suas decisões no que diz respeito ao cânon do VT. A listas coincidentes de livros do NT desses concílios, com a anterior de Atanásio, e a suposta lista do concílio romano presidido por Dámaso (esta lista é muito duvidosa visto que provém de um documento falsificado chamado decreto Gelasiano do século VI que atribui a mesma lista aos papas Gelásio e Hormisdas conforme os manuscritos), simplesmente mostra o consenso que já havia na Igreja Católica antiga em finais do século IV quanto ao cânon do NT. Não é que o cânon tenha sido imposto a toda a Igreja por decreto de algum destes concílios ou decreto papal. Nenhum concílio ou bispo tinha autoridade para isso no século IV.

    A verdade é que o cânon foi reconhecido e proclamado não pela Igreja Católica romana, mas pela igreja católica (ou universal) antiga, que não era governada desde Roma, por mais que esta fosse uma sede apostólica de enorme influência, e compreendia toda a cristandade e não apenas parte da cristandade ocidental.

    É ao contrário do que você afirma. Até ao século IV é que os cristãos não tinham uma única Bíblia, porque a extensão e os limites do cânon não eram consensuais. Algumas igrejas levantavam dúvidas sobre a canonicidade de certos livros.

    Hoje há um consenso total nas Igrejas cristãs sobre o conteúdo do cânon do NT. Não porque se sintam obrigadas a sujeitar-se a alguma autoridade única que supostamente no passado decretou o cânon, mas porque não há razões para o cânon ser diferente do que é, e os cristãos de modo consensual. reconhecem que não há outros livros com as mesmas características dos livros canónicos, nem há razões para remover algum do cânon. Mas nada impede os cristãos de hoje de o fazer se descobrissem que algum dos livros que consideram canónicos afinal não cumpre os critérios de canonicidade para estar no cânon.

    Para resumir, o cânon ficou na realidade completo no próprio momento em que se terminou de escrever o último livro que o compõe, o reconhecimento definitivo do cânon por parte da Igreja universal foi um processo que precisou de vários séculos.

    O reconhecimento e a delimitação do cânon do Novo Testamento não foi o resultado da decisão de uma autoridade única nem de uma decisão conciliar.

    Ignorar o que você escreve é ignorar a história fictícia e insustentável da apologética católica.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não adianta, Hugo, eles preferem continuar cegos seguindo o espírito do erro do que se render diante de todas as evidências lógicas e racionais. Depois da sua resposta inteligente ele veio aqui e postou um comentário que desvirtuava completamente o assunto, não respondeu a nada dos teus argumentos e começou a falar da "divisão" protestante e blá blá blá, já deu para perceber que ele está completamente perdido igual cego em tiroteio, restando apenas repetir aquelas mesmas ladainhas de sempre, eles nunca mudam o disco e sempre voltam nessas coisas quando são refutados em algum ponto, não suportam nem resistem em um debate inteligente, apenas repetem os mesmos sofismas que os "apologistas" católicos espalham por aí. Por isso eu achei melhor terminar essa discussão, afinal de contas você já deu uma verdadeira aula com esses seus comentários, fique a vontade para postar em outros artigos também quando quiser, obrigado pela contribuição :)

      Excluir
    2. Ainda se podia dizer que a referida carta de Inocêncio I de 405 dirigida ao bispo de Tolosa, Exupério, deu uma lista idêntica à de Cartago para o Antigo Testamento. Portanto com o 1 Esdras que Trento deixou de fora.

      E em relação ao NT esta lista de Inocêncio I omite Hebreus segundo os melhores manuscritos.

      A mesma coisa pode dizer-se em relação à lista do Decreto Gelasiano que é atribuída variavelmente aos papas Dámaso (366-384), Gelásio (492-496) ou Hormisdas (514-523). Também ela é a mesma de Cartago, com os mesmos problemas.

      Ou seja, nenhuma lista referida de todos estes bispos de Roma, é coincidente com a que foi sansionada em Trento, e que corresponde ao atual cânon católico.

      Concordo com você Lucas. É difícil e aborrecido debater com católicos porque eles argumentam com uma história que não tem nenhuma correspondência com a realidade, com abstrações e conceitos que não definem claramente o que significam (por exemplo, o uso da palavra "Tradição" ad hoc), e muitas vezes com caricaturas das doutrinas protestantes, que os leva a argumentos absurdos e desonestos.

      Abraços

      Excluir
  10. Paz. Para conhecimento e discussão...

    Homilia 21 de Gregório Magno (Dom David Hurst, 1990 pág 160)

    "Mas ide, dizei a seus discípulos e a Pedro que ele vai adiante de vós para a Galileia. Devemos perguntar por que Pedro é discriminado por seu nome entre "os discípulos". Se o anjo não o tivesse citado pelo nome, ele, que havia negado seu mestre, não teria ousado vir com os outros. Ele foi chamado pelo nome, de sorte que não perdesse a esperança como resultado de sua negação. Nesta conexão devemos perguntar-nos por que o Deus todo-poderoso permitiu que alguém que Ele havia decidido colocar sobre toda a igreja fosse amedrontado pela voz de lima criada e o negasse. Certamente, reconhecemos que isto foi feito por um ato da bondade divina, de modo que Pedro, destinado a ser o pastor da igreja, pudesse aprender com sua própria falta como ele deveria ter misericórdia para com os outros. Portanto, primeiro Deus O fez conhecer a si mesmo e depois colocou-o sobre Os outros, para que ele percebesse por sua própria fraqueza quão misericordiosamente ele deveria tolerar as fraquezas dos outros."

    Ênfase na parte: "alguém (Pedro) que Ele havia decidido colocar sobre toda a igreja"


    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Para conhecimento e discussão...

      - Orígenes (185 – 253)

      “E se nós também dissermos como Pedro, ‘Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo’, não como se carne e sangue nos tivesse revelado, mas pela luz do Pai nos céus tendo resplandecido em nosso coração, nos tornamos um Pedro, e a nós nos poderia dizer o Verbo, ‘Tu és Pedro’, etc. Pois é uma pedra cada discípulo de Cristo de quem beberam aqueles que beberam da pedra espiritual que os seguia, e sobre cada pedra assim é edificada cada palavra da Igreja, e o governo de acordo com ela, pois em cada um dos perfeitos, que têm a combinação de palavras e atos e pensamentos que preenchem a bem-aventurança, é a Igreja edificada por Deus”

      “A promessa dada a Pedro não é restrita a ele, mas aplicável a todos os discípulos como ele. Mas se supões que é somente sobre Pedro que toda a Igreja é edificada por Deus, que dirias sobre João o filho do trovão ou de cada um dos apóstolos? Atrever-nos-emos, de outro modo, a dizer que contra Pedro em particular não prevalecerão as portas do Hades, mas que prevalecerão contra os outros apóstolos e os perfeitos? Acaso o dito anterior, ‘as portas do Hades não prevalecerão contra ela’, não se sustém em relação a todos e no caso de cada um deles? E também o dito, ‘Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja?’ São as chaves do reino dos céus dada pelo Senhor só a Pedro, e a nenhum outro dos bem-aventurados as receberá? Mas se esta promessa, ‘Eu te darei as chaves do reino dos céus’ é comum aos outros, como não o serão também todas as coisas de que anteriormente se falou, e as coisas que estão subordinadas como tendo sido dirigidas a Pedro, ser comuns a eles?”

      "Esta pedra [Cristo] é inacessível às serpentes, é ela é mais forte que os portões do inferno em oposição, é por causa disso que as forças dos portões do Hades não prevalecerão contra ela [Mt 16,18]; mas a Igreja, como uma construção feita pelo próprio Cristo construindo sua morada, é incapaz de admitir que os portões do Hades prevaleçam sobre qualquer um que esteja fora desta pedra, mas não possui forças para tal"

      - Afraates, o Sírio (270 - 345)

      “A fé é como um edifício que é edificado de muitas peças de artesanato e assim a sua construção se levanta até ao topo. E sabei, meus amados, que nos fundamentos do edifício são colocadas pedras, e assim descansando sobre pedras, toda a construção se levanta até ser aperfeiçoada. Assim também a verdadeira Pedra, nosso Senhor Jesus Cristo, é o fundamento de toda a fé. E sobre Ele, sobre (esta) Pedra, se baseia a fé. E descansando sobre a fé toda a estrutura se levanta até ser completada. Pois é o fundamento que constitui o princípio de todo o edifício. Pois quando alguém é trazido para a fé, é colocado por ele sobre a Pedra, ou seja nosso Senhor Jesus Cristo. E o Seu edifício não pode ser abalado pelas ondas, nem danificado pelos ventos. Pelos embates da tormenta não cai, porque a sua estrutura está levantada sobre a rocha da verdadeira Pedra”

      Excluir
    2. “E agora ouvi o respeitante à fé que se baseia sobre a Pedra, e o respeitante à estrutura que se levanta sobre a Pedra... Assim também que o homem que se torna uma casa, sim, uma morada para Cristo, preste atenção ao que é necessário para o serviço de Cristo, que se aloja nele, e com que coisas pode agradar-lhe. Pois primeiro ele constrói o seu edifício sobre a Pedra, a qual é Cristo. Sobre Ele, sobre a pedra, é edificada a fé ... Todas estas coisas demanda a fé que se baseia na rocha da verdadeira Pedra, ou seja Cristo. E se porventura dissesses: «Se Cristo está posto por fundamento, como é que Cristo também mora no edifício quando este se completa?» Pois o bendito Apóstolo disse ambas as coisas. Pois disse: «Eu como perito arquiteto pus o fundamento». E aí ele definiu o fundamento e o tornou claro, pois disse como se segue: «Nenhum homem pode pôr outro fundamento senão o que está posto, o qual é Cristo Jesus» ... E portanto se cumpre aquela palavra, que Cristo mora nos homens, a saber, naqueles que crêem n`Ele, e Ele é o fundamento sobre o qual se levanta todo o edifício”

      “Com efeito, este homem começou por construir o seu edifício sobre a rocha, quer dizer, sobre o próprio Cristo. Sobre essa pedra se baseia a sua fé. O bem-aventurado Paulo faz duas afirmações sobre isso: ‘Como sábio arquiteto, assentei o alicerce. Mas ninguém pode pôr um alicerce diferente do que já foi posto: Jesus Cristo’ (1Cor 3, 10.11)”

      - Tiago de Nisbis (Século IV)

      “A fé é composta e compactada de muitas coisas. É como um edifício, porque é construída e completada em muita esperança. Não ignoras que se põem grandes pedras nos fundamentos de um edifício, e então tudo o que é edificado em cima tem as pedras unidas entre si, e assim se levanta até que se completa a obra. Assim, de toda a nossa fé, nosso Senhor Jesus Cristo é o firme e verdadeiro fundamento; e sobre esta pedra é estabelecida a nossa fé. Portanto, quando alguém chega à fé, é posto sobre uma pedra firme, a qual é o nosso Senhor Jesus Cristo. E, quanto a chamar a Cristo uma pedra, não digo nada por mim mesmo, pois os profetas o chamaram antes uma pedra”

      - Ambrosiáster (Século IV)

      “Paulo escreve sobre as ordens eclesiásticas; aqui se ocupa dos fundamentos da Igreja. Os profetas prepararam, os apóstolos estabeleceram os fundamentos. Pelo que o Senhor diz a Pedro: «Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja», isto é, sobre a confissão de fé universal estabelecerei em vida os fiéis”

      Excluir
    3. - Eusébio de Cesareia (260 - 340)

      “Contudo, não cometerás qualquer erro do âmbito da verdade se supores que «o mundo» é na realidade a Igreja de Deus, e que o seu «fundamento» é em primeiro lugar, aquela inefavelmente sólida pedra sobre a qual está fundada, como diz a Escritura: «Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela»; e em outro lado: «E a pedra era Cristo». Pois, como o Apóstolo indica com estas palavras: «Ninguém pode pôr outro fundamento senão o que está posto, o qual é Cristo Jesus». Então, também, depois do próprio Salvador, podes retamente julgar que os fundamentos da Igreja são as palavras dos profetas e dos apóstolos, de acordo com a afirmação do Apóstolo: «Edificada sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo o próprio Cristo Jesus a pedra angular»”

      - Paulo de Constantinopla (Século IV)

      “Sobre esta fé a Igreja de Deus foi fundada. Com esta expectativa, sobre esta pedra o Senhor Deus colocou os fundamentos da Igreja. Quando, então, o Senhor estava indo para Jerusalém, perguntou aos discípulos, dizendo: «Quem dizem os homens que é o Filho do homem?» Os apóstolos dizem: «Alguns que Elias, outros que Jeremias, ou um dos profetas». E Ele diz, mas vós, isto é, meus eleitos, vós que me seguistes por três anos, e vistes o meu poder, e milagres, e presenciastes eu andando sobre o mar, que partilhastes a minha mesa, «Quem dizeis que eu sou?» Instantaneamente, o Corifeu dos apóstolos, a boca dos discípulos, Pedro, «Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo»”

      - Hilário de Poitiers (315 - 367)

      “A fé do Apóstolo penetrou numa região fechada ao raciocínio humano... E esta é a pedra da confissão sobre a qual a Igreja é edificada... que Cristo não deve ser somente nomeado, mas crido, como Filho de Deus”

      “Esta fé é aquela que é o fundamento da Igreja; através desta fé as portas do inferno não podem prevalecer contra ela. Esta é a fé que tem as chaves do reino dos céus. Qualquer coisa que esta fé desatar ou ligar na terra será desatada ou ligada no céu (...) A razão pela qual ele é bendito é que confessou o Filho de Deus. Esta é a revelação do Pai, este é o fundamento da Igreja, esta é a segurança da permanência dela. Daí que ela tem as chaves do reino dos céus, daí o juízo no céu e o juízo na terra”

      “Assim o nosso único inabalável fundamento, a nossa única bendita pedra de fé, é a confissão da boca de Pedro, Tu és o Filho do Deus vivo. Sobre ela podemos basear uma resposta a toda objeção com que o engenho pervertido ou a amarga traição possam atacar a verdade”

      Excluir
    4. - Atanásio de Alexandria (297 - 373)

      “Por isso devemos buscar antes de todas as coisas, se Ele é Filho, e sobre este ponto esquadrinhar especialmente as Escrituras; pois foi isto, quando os apóstolos foram interrogados, que Pedro respondeu, dizendo: ‘Tu és o Cristo, o Filho do Deus Vivo’ (...) esta é a verdade e o princípio soberano da nossa fé (...) E como Ele é um fundamento, e nós pedras edificadas sobre ele (...) A Igreja está firmemente estabelecida; está fundada sobre a pedra, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela (...) E porque esta é a fé da Igreja, que eles de alguma maneira entendam que o Senhor enviou os Apóstolos e lhes mandou fazer disto o fundamento da Igreja”

      - Gregório de Nissa (330 - 395)

      “A calidez dos nossos louvores não se estende a Simão [Pedro] enquanto ele era um pescador; antes se estende à sua firme fé, a qual é ao mesmo tempo o fundamento de toda a Igreja”

      - Ambrósio de Milão (337 – 397)

      “A fé, pois, é o fundamento da Igreja, pois não foi dito da carne de Pedro (da sua pessoa), mas da sua fé, que «as portas do Hades não prevaleceriam contra ela» (...) Faz um esforço, portanto, para ser uma pedra! Não procures a pedra fora de ti, mas dentro de ti! A tua pedra é a tua obra, a tua pedra é a tua mente. Sobre esta pedra é edificada a tua casa. A tua pedra é a tua fé, e a fé é o fundamento da Igreja. Se fores uma pedra, estarás na Igreja, porque a Igreja está sobre uma pedra. Se estiveres na Igreja as portas do inferno não prevalecerão contra ti”

      - Dídimo, o Cego (318 - 398)

      “Quão poderosa é a fé de Pedro e a sua confissão de que Cristo é o Deus unigênito, o Verbo, o verdadeiro Filho de Deus, e não meramente uma criatura. Embora ele tenha visto a Deus sobre a terra vestido de carne e sangue, Pedro não duvidou, pois estava disposto a receber o que «carne e sangue não te revelaram». Mais, reconheceu o consubstancial e co-eterno renovo de Deus, glorificando deste modo aquela raiz incriada, aquela raiz sem começo, a qual lhe havia revelado a verdade. Pedro creu que Cristo era uma mesma deidade com o Pai; e assim foi chamado bendito por aquele que é só ele o bendito Senhor. Sobre esta pedra a Igreja foi edificada, a Igreja à qual as portas do inferno – isto é, os argumentos dos hereges - não vencerão”

      Excluir
    5. - Epifânio de Salamis (315 - 403)

      “Isto é, antes de tudo, porque ele confessou que «Cristo» é «o Filho do Deus vivo», e se lhe disse, «Sobre esta pedra da fé segura edificarei a minha Igreja» - pois ele claramente confessou que Cristo é o verdadeiro Filho”

      - João Crisóstomo (347 - 407)

      “Portanto Ele acrescentou isto: E eu digo-te, tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; isto é, sobre a fé da sua confissão (...) Pois Cristo não acrescentou nada mais a Pedro, mas como se a sua fé fosse perfeita, disse, que sobre esta confissão Ele edificaria a Igreja, porém no outro caso [João 1:49-50] não fez nada parecido, mas o contrário”

      - Paládio de Helenópolis (365 - 425)

      “«Vós, porém, quem dizeis que eu sou?» Nem todos responderam, mas somente Pedro, interpretando a mente de todos: «Tu és o Cristo, Filho do Deus vivo». O Salvador, aprovando a correção desta resposta, falou, dizendo: «Tu és Pedro, e sobre esta pedra» - isto é, sobre esta confissão - «edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela»”

      - Nilo de Ancira (Século IV)

      “Se, além disso, um homem do Senhor é significado, o primeiro a ser comparado com o ouro seria Cefas, cujo nome é interpretado «pedra» (...) que forneceu na sua confissão de fé o fundamento para a edificação da Igreja”

      - Cirilo de Alenxadria (Século V)

      “Mas por que dizemos que eles são «fundamentos da terra»? Pois Cristo é o fundamento e a base inabalável de todas as coisas (...) Mas os seguintes fundamentos, aqueles mais próximos de nós, pode entender-se que são os apóstolos e evangelistas, aquelas testemunhas oculares e ministros da Palavra que foram levantados para o fortalecimento da fé. Pois quando reconhecemos que as suas próprias tradições devem ser seguidas, servimos a uma fé que é verdadeira e não se desvia de Cristo. Pois quando [Pedro] sábia e irrepreensivelmente confessou a sua fé a Jesus dizendo, «Tu és Cristo, Filho do Deus vivo», Jesus disse ao divino Pedro, «Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja». Ora, pela palavra «pedra» Jesus indicou, penso eu, a inamovível fé do discípulo”

      «E eu digo-te, tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela». O apodo, creio, chama a nada mais senão à inabalável e mui firme fé do discípulo «uma pedra», sobre a qual a Igreja foi fundada e feita firme e permanece continuamente inexpugnável mesmo em relação às próprias portas do inferno”

      Excluir
    6. - Isidoro de Pelúsio (Século V)

      “Cristo, que esquadrinha os corações, perguntou aos seus discípulos: «Quem dizem os homens que eu, o Filho do Homem, sou?». Não porque não soubesse as diversas opiniões dos homens acerca de Ele próprio, mas estava desejoso de ensinar a todos a mesma confissão que Pedro, inspirado por Ele, pôs como a base e fundamento, sobre a qual o Senhor edificou a sua Igreja”

      - Teodoreto de Ciro (393 - 458)

      “Que ninguém nesciamente suponha que o Cristo é qualquer outro senão o Filho unigênito. Não nos imaginemos mais sábios que o dom do Espírito. Escutemos as palavras do grande Pedro, «Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo». Escutemos o Senhor Cristo confirmando esta confissão, pois «Sobre esta pedra», diz, «edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela». Portanto também o sábio Paulo, excelentíssimo arquiteto das igrejas, não fixou outro fundamento senão este. «Eu», diz, «como sábio arquiteto pus o fundamento, e outro edifica sobre ele. Mas que cada um veja como edifica sobre ele. Pois nenhum homem pode pôr outro fundamento senão o que está posto, o qual é Jesus Cristo» (...) Portanto nosso Senhor Jesus Cristo permitiu ao primeiro dos apóstolos, cuja confissão Ele tinha fixado como uma espécie de alicerce e fundamento da Igreja, que vacilasse, e que o negasse, e então o levantou de novo (...) Certamente ele está chamando à fé piedosa e à confissão verdadeira uma «pedra». Pois quando o Senhor perguntou aos seus discípulos quem dizia o povo que ele era, o bendito Pedro falou, dizendo «Tu és Cristo, o Filho do Deus vivo». Ao que o Senhor respondeu: «Em verdade, em verdade te digo que és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela»”

      - Basílio de Seleucia (Século V)

      “Em obediência a língua de Pedro se pôs em movimento e apesar de ignorante da doutrina, forneceu uma resposta: «Tu és Cristo, Filho do Deus vivo» (...) Ora, Cristo chamou a esta confissão uma pedra, e nomeou quem a confessou «Pedro», percebendo a alcunha como apropriada para o autor desta confissão. Pois esta é a pedra solene da religião, esta é a base da salvação, esta é o muro da fé e o fundamento da verdade: «Pois ninguém pode pôr outro fundamento senão o que está posto, o qual é Cristo Jesus»”

      - Cassiodoro (485 - 580)

      “«Não será abalada» diz-se acerca da Igreja à qual somente essa promessa foi dada: «Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do Inferno não prevalecerão contra ela». Pois a Igreja não pode ser abalada porque se sabe que foi fundada sobre a pedra mais sólida, a saber, Cristo o Senhor (...) Deste «fundamento», é inferido retamente Cristo, que é uma pedra inabalável e uma pedra inexpugnável. Acerca disto diz o Apóstolo: «Pois nenhum outro fundamento pode algum homem pôr senão aquele que já está posto, o qual é Cristo Jesus»”

      Excluir
    7. - Isidoro de Sevilha (560 - 636)

      “O homem sábio que edificou a sua casa sobre a pedra significa o mestre fiel, que estabeleceu os fundamentos da sua doutrina e vida sobre Cristo (...) Além disso, Cristo é chamado um «fundamento» porque a fé é estabelecida nele, e porque a Igreja universal é edificada sobre ele”

      - Beda, o Venerável (673 - 735)

      “Tu és Pedro e sobre esta pedra da qual tomaste o teu nome, ou seja, sobre mim mesmo, edificarei a minha Igreja, sobre essa perfeição de fé que tu confessaste edificarei a minha Igreja de cuja sociedade de confissão se alguém se desviar ainda que em si mesmo pareça fazer grandes coisas, ele não pertence ao edifício da minha Igreja (...) Metaforicamente é dito a ele que a Igreja há de ser edificada sobre esta pedra, ou seja, o Salvador que tu confessaste, que concedeu participação ao fiel confessor do seu nome”

      - João Damasceno (675 - 749)

      “E Pedro, inflamado por um ardente zelo e incitado pelo Espírito Santo, replicou: «Tu és Cristo, o Filho do Deus vivo». Oh, bendita boca! Perfeitos, benditos lábios! Oh, alma teológica! Mente preenchida por Deus e feita digna pela instrução divina! Oh, divino órgão pelo qual Pedro falou! Justamente és bendito, Simão filho de Jonas (...) porque nem carne nem sangue nem mente humana, mas meu Pai no céu revelou esta divina e misteriosa verdade a ti. Pois ninguém conhece o Filho, senão aquele que é conhecido por ele (...) Esta é a firme e inamovível fé sobre a qual, como sobre a pedra cujo sobrenome carregas, a Igreja está fundada. Contra esta as portas do inferno, as bocas dos hereges, as máquinas dos demônios – pois eles haverão de atacar - não prevalecerão. Eles pegarão em armas mas não vencerão”

      - Pascácio Radberto (785 - 860)

      “Há uma resposta de todos sobre os quais a Igreja é fundada e contra os quais as portas do inferno não prevalecerão (...) Tão grande fé não surge exceto da revelação de Deus o Pai e da inspiração do Espírito Santo de modo que qualquer um que tenha fé, como uma pedra firme, é chamado Pedro (...) Deve notar-se que qualquer um dos fiéis é uma pedra na medida em que é um imitador de Cristo e é luz na medida em que é iluminado pela luz e por isso a Igreja de Cristo está fundada sobre esses na medida em que eles são fortalecidos por Cristo. De modo que não só sobre Pedro mas sobre todos os Apóstolos e os sucessores dos Apóstolos é edificada a Igreja de Deus. Mas estas montanhas são primeiro edificadas sobre a montanha, Cristo, elevada acima de todas as montanhas e colinas (...) Esta é certamente a verdadeira e inviolável fé dada a Pedro por Deus o Pai, a qual afirma que se não tivesse havido sempre um Filho não teria havido sempre um Pai, fé sobre a qual a Igreja toda está fundada e permanece firme, crendo que Deus é o Filho de Deus”

      Excluir
  11. DEU MOLE!!! VC DEVIA TER DITO QUE É O ASSASSINO SUICIDA LUTERO!!! SÓ ASSIM PODER-SE-IA JUSTIFICAR A BLASFÊMIA DO PROTESTANTISMO!
    PROTESTANTES, PROTESTANTES... LIXO!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. A princípio eu não ia publicar seu comentário, pois não tenho o costume de publicar mensagens de vândalos, mas mudei de ideia apenas para servir de exemplo aos demais, para verem até que nível que a lavagem cerebral romanista é capaz de levar alguém.

      Você está pensando em se converter ao catolicismo? Cuidado, pois é nisso que você irá se tornar.

      Excluir
  12. Ou seja, a palavra “Lithos” que é usada para Jesus em 1 Pd 2, 4 se referindo a Jesus é novamente utilizada em grau e gênero para os demais Cristãos em 1 Pd 2, 5.
    Mateus 16, 18:

    “κἀγὼ δέ σοι λέγω ὅτι σὺ εἶ Πέτρος, καὶ ἐπὶ ταύτῃ τῇ πέτρᾳ οἰκοδομήσω μου τὴν ἐκκλησίαν καὶ πύλαι ᾅδου οὐ κατισχύσουσιν αὐτῆς.”
    ταύτῃ (tauth) é o dativo feminino de οὗτος (outós) e sua tradução simples é “esta”. E serve para dar ênfase a algo previamente mencionado.

    τῇ (th) é também o dativo feminino e ὁ (o) e é o artigo da frase ou seja sua tradução é “a”.

    Estas duas palavras juntas ταύτῃ + τῇ, tem o sentido ou tradução de “esta mesma”, “esta própria”.

    Então juntando o nome de Pedro que foi previamente confirmado como ROCHA, e PETRA que também foi confirmada como ROCHA.
    o artigo, no grego, depois de um pronome demonstrativo não precisa ser traduzido já é sub-entendido, então se traduz somente o “esta” na maioria das vezes, mas o sentido continua o mesmo.

    Além disso São Jerônimo traduziu para o Latim da seguinte forma “HANC PETRAM” ou seja “Esta mesma Rocha“.

    HANC no latim tem o sentido próprio de “esta mesma”, “esta própria” assim como ταύτῃ + τῇ no grego. São Jerônimo, como falava fluentemente o grego Koiné, sabia muito bem o sentido real da passagem, quando ele trauziu a vulgata o grego Koiné ainda era “Vivo”.
    Teria como vc refutar este artigo também?
    Um grande abraço! Pd 2:4 “πρὸς ὃν προσερχόμενοι λίθον ζῶντα ὑπὸ ἀνθρώπων μὲν ἀποδεδοκιμασμένον παρὰ δὲ θεῷ ἐκλεκτὸν ἔντιμον..”

    Tradução “Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa…”
    Não existem bases ou sustentações para afirmar que “Petrus” significa “pedra pequena” porque para isto a Bíblia utiliza outra palavra (lithos ou lithon) .
    1 Pd 2:5 καὶ αὐτοὶ ὡς λίθοι ζῶντες οἰκοδομεῖσθε οἶκος πνευματικός, ἱεράτευμα ἅγιον, ἀνενέγκαι πνευματικὰς θυσίας εὐπροσδέκτους τῷ θεῷ διὰ Ἰησοῦ χριστοῦ.

    Tradução: Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo.

    Ou seja, a palavra “Lithos” que é usada para Jesus em 1 Pd 2, 4 se referindo a Jesus é novamente utilizada em grau e gênero para os demais Cristãos em 1 Pd 2, 5.
    Mateus 16, 18:

    “κἀγὼ δέ σοι λέγω ὅτι σὺ εἶ Πέτρος, καὶ ἐπὶ ταύτῃ τῇ πέτρᾳ οἰκοδομήσω μου τὴν ἐκκλησίαν καὶ πύλαι ᾅδου οὐ κατισχύσουσιν αὐτῆς.”
    ταύτῃ (tauth) é o dativo feminino de οὗτος (outós) e sua tradução simples é “esta”. E serve para dar ênfase a algo previamente mencionado.

    τῇ (th) é também o dativo feminino e ὁ (o) e é o artigo da frase ou seja sua tradução é “a”.

    Estas duas palavras juntas ταύτῃ + τῇ, tem o sentido ou tradução de “esta mesma”, “esta própria”.

    Então juntando o nome de Pedro que foi previamente confirmado como ROCHA, e PETRA que também foi confirmada como ROCHA.
    o artigo, no grego, depois de um pronome demonstrativo não precisa ser traduzido já é sub-entendido, então se traduz somente o “esta” na maioria das vezes, mas o sentido continua o mesmo.

    Além disso São Jerônimo traduziu para o Latim da seguinte forma “HANC PETRAM” ou seja “Esta mesma Rocha“.

    HANC no latim tem o sentido próprio de “esta mesma”, “esta própria” assim como ταύτῃ + τῇ no grego. São Jerônimo, como falava fluentemente o grego Koiné, sabia muito bem o sentido real da passagem, quando ele trauziu a vulgata o grego Koiné ainda era “Vivo”.
    Teria como vc refutar este artigo também?
    Um grande abraço!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

ATENÇÃO: novos comentários estão desativados para este blog, mas você pode postar seu comentário em qualquer artigo do meu novo blog: www.lucasbanzoli.com